Taq'rir Ma'sum
Taqrir Ma'sum ou Expressão do Infalível (árabe: تقرير المعصوم) é o silêncio do Infalível (a.s.) diante da fala ou comportamento feito em sua presença e é um sinal de que ele não se opôs a isso. A expressão do Infalível é colocada ao lado da palavra e ação dos infalíveis na Sunnah, que é uma das quatro fontes de derivação das regras islâmicas. De acordo com os xiitas, Taqrir Ma'sum inclui a expressão do Profeta Muhammad (s.a.a.s.), Fátima al-Zahra (s.a.) e dos Doze Imames dos xiitas (a.s.).
Nota: diz-se que Infalível é alguém que tem o status de infalibilidade. Segundo a crença dos xiitas, os quatorze infalíveis são quatorze personagens distantes dos erros e dos pecados, que são respeitados pelos xiitas dos Imamiyya. Essas quatorze pessoas são Profeta Muhammad, sua filha Fátima al-Zahra (s.a.) e Doze Imames.
Segundo os Usulis (os estudiosos de Princípios da Jurisprudência islâmica), a fala do Infalível é aceitável sob certas condições, entre as quais está a atenção do Infalível à ação realizada em sua presença e a possibilidade para ele comentá-la. A razão para a validade da expressão (do Infalível) é que é obrigatório para o Imam neutralizar o mal (agir contra qualquer ato maligno ou ilícito), e não fazê-lo é contrário à sua infalibilidade.
Semântica
Taqrir Ma'sum é o silêncio do Infalível (a.s.) contra o discurso ou ação feita em sua presença.[1] No livro Ciência dos Princípios da Jurisprudência islâmica (em persa: دانش اصول فقه), a expressão do Infalível com algumas condições indica a permissibilidade ou correção do discurso, ou comportamento por ele expresso, ou agido;[2] com a razão de que o Infalível é obrigado a impedir o malfeitor de fazer o mal e, se for ignorante, a mostrar-lhe o caminho certo.[3]
Por exemplo, se uma pessoa realiza a ablução na presença do Infalível e o infalível vê e não diz nada, esse silêncio é chamado de Taqrir Ma'sum e é considerado um sinal de que tal ablução é correta.[4] Literalmente, "taqrir" significa "reconhecer, aprovar e endossar".[5]
Posição
Taqrir Ma'sum é um dos assuntos da Uṣūl al-fiqh (Ciência dos Princípios da Jurisprudência islâmica)[6] e, assim como a fala e o comportamento do Infalível, é parte da tradição (Sunnah).[7] A Sunnah, juntamente com o Alcorão, Razão e Consenso, é uma das quatro principais fontes de dedução de decisões religiosas.[8]
Taqrir não é específico para os xiitas. Os sunitas também se referem a ele para obter decisões jurisprudenciais.[9] Os xiitas consideram a narração do Profeta (s.a.a.s.), Fátima al-Zahra (s.a.) e dos doze Imames como prova;[10] Porém, na seita sunita, apenas a aprovação do Mensageiro de Deus (s.a.a.s.) é considerada como prova.[11] De acordo com a opinião de alguns estudiosos sunitas, o Taqrir do primeiro e do segundo califas dos sunitas, e segundo a opinião de outros, Taqrir de todos os companheiros do Profeta Muhammad (s.a.a.s.) é considerada prova.[12]
Razões para a Aprovação do Taqrir do Infalível
Algumas razões foram apresentadas para provar a autenticidade do Taqrir do Infalível (a.s.): alguns disseram que a posição do Infalível (a.s.) mostra que eles estão tentando cuidar de objetivos religiosos. Portanto, não devem ficar calados diante de ações ou discursos irreligiosos.[13]
Um grupo também argumentou que ordenar o bem e proibir o mal é obrigatório. Como o Infalível (a.s.) nunca abandonaria uma obrigação religiosa, o seu silêncio, diante do comportamento ou discurso sobre o qual é possível opinar, indica que aquela ação ou discurso foi permissível ou correto.[14]
Tipos de Taqrir
Em alguns escritos fundamentais, a expressão - dependendo da ação contra a qual o silêncio é realizado - é dividida em dois tipos: ação e discurso (ou decisão)[15] e em alguns outros, taqrir ideológico foi adicionada a esses dois tipos;[16] Referindo-se ao caso que uma pessoa manteve crenças especiais sobre assuntos como Deus, Ressurreição e outros, e chega à presença do Infalível (a.s.), e o Infalível (a.s.) permanece em silêncio diante dessas crenças.[17]
Condições de Credibilidade do Taqrir
Os Usulis consideram o silêncio do Infalível (a.s.) contra uma ação ou discurso como prova se tiver as seguintes condições:
- O Infalível (a.s.) deve estar atento e prestar atenção à fala e à ação feitas em sua presença.[18]
- Deveria ter sido possível ao Infalível (a.s.) comentar. Por exemplo, uma pessoa que realizou uma ação na presença do Infalível (a.s.) não deveria ter deixado a presença do Infalível (a.s.) imediatamente.[19]
- Não deveria haver nenhum obstáculo para os Infalíveis comentarem. Por exemplo, o Imam não deve ser forçado a permanecer em silêncio por causa de um perigo que ameaçava a sua vida ou a dos seus xiitas.[20]
- Antes do silêncio, o Infalível não disse uma palavra de rejeição àquela ação ou discurso.[21]
Referências
- ↑ Muẓaffar, Uṣūl al-fiqh, vol. 3, pág. 66.
- ↑ Muẓaffar, Uṣūl al-fiqh, vol. 3, pág. 66.
- ↑ Shīrwānī, Taḥrīr usūl-i fiqh, pág. 210-211; Muẓaffar, Uṣūl al-fiqh, vol. 3, pág. 66.
- ↑ Aṣgharī, Usūl al-fiqh (Comentário Persa), vol. 2, pág. 133.
- ↑ Aṣgharī, Usūl al-fiqh (Comentário Persa), vol. 2, pág. 133.
- ↑ Baḥrānī, Sharḥ al-usūl, vol. 1, pág. 15.
- ↑ Muẓaffar, Uṣūl al-fiqh, vol. 3, pág. 61.
- ↑ Muḥammūdī, Sharḥ-i usūl-i fiqh, vol. 3, pág. 285; Shahābī, Taqrīrāt-i usūl, pág. 15.
- ↑ Abū Shahba, al-Wasīṭ fī ʿulūm wa muṣṭalaḥ al-ḥadīth, vol. 1, pág. 204.
- ↑ Muḥaqqiq Dāmād, Mabāḥithī az usūl-i fiqh, vol. 2, pág. 45.
- ↑ Abū Shahba, al-Wasīṭ fī ʿulūm wa muṣṭalaḥ al-ḥadīth, vol. 1, pág. 204.
- ↑ Mūsawī Bujnūrdī, ʿIlm-i usūl, pág. 286-287.
- ↑ Markaz-i Iṭilāʿt wa Madārik-i Islāmī, Farhangnāma-yi usūl-i fiqh, pág. 399; Shahrakānī, al-Mufīd, vol. 2, pág. 91-93.
- ↑ Muḥaqqiq Dāmād, Mabāḥithī az usūl-i fiqh, vol. 2, pág. 48-50.
- ↑ Shīrwānī, Taḥrīr usūl-i fiqh, pág. 211.
- ↑ Muḥammadī, Sharḥ-i usūl-i fiqh, vol. 3, pág. 111.
- ↑ Muḥammadī, Sharḥ-i usūl-i fiqh, vol. 3, pág. 111.
- ↑ Muḥammadī, Sharḥ-i usūl-i fiqh, vol. 3, pág. 111-112.
- ↑ Aṣgharī, Usūl al-fiqh (Comentário Persa), vol. 2, pág. 133.
- ↑ Muḥammadī, Sharḥ-i usūl-i fiqh, vol. 3, pág. 112.
- ↑ Narāqī, Anīs al-mujtahidīn, vol. 1, pág. 334; Narāqī, Tajrīd al-usūl, pág. 71; Anṣārī, Khulāṣat al-qawānīn, pág. 134.
Notas
Bibliografia
- Abū Shahba, Muhammad b. Muḥammad. Al-Wasīṭ fī ʿulūm wa muṣṭalaḥ al-ḥadīth. Cairo: Dār al-Fikr al-ʿArabī, [n.d].
- Anṣārī, Ahmad. Khulāṣat al-qawānīn. 2ª edição. Qom: Al-Maṭbaʿat al-Ilmīyya, 1397 AH.
- Aṣgharī, ʿAbd Allāh. Usūl al-fiqh (comentário persa). 2ª edição. Qom: [n.p], 1386 Sh.
- Bahrānī, Muḥammad Ṣunquūr ʿAlī. Sharḥ al-usūl min al-ḥalqat al-thānīyya. 3ª edição. Qom: Nashr-i Muʾallif, 1428 AH.
- Markaz-i Iṭilāʿt wa Madārik-i Islam. Farhangnāma-yi usūl-i fiqh. Qom: Pazhūhishgāh-i ʿUlūm wa Farhang Islamī, 1389 Sh.
- Muḥammadī, ʿAlī. Sharḥ-i usūl-i fiqh. 10ª edição. Qom: Dār al-Fikr, 1387 sh.
- Muḥaqqiq Dāmād, Mustafā. Mabāḥithī az usūl-i fiqh. Teerã: Markaz-i Nashr-i ʿUlūm-i Islamī, 1362 sh.
- Mūsawī Bujnurdī, Muhammad. ʿIlm-i usūl. Teerã: Muʾassissa-yi Tanẓīm wa Nashr-i Āthār-i Imām Khomeini, 1379 sh.
- Muẓaffar, Muḥammad Riḍā al-. Ushul al-fiqh. Qom: Ismāʿīlīyān, [n.d].
- Narāqī, Muḥammad Mahdī b. Abī Dhar. Anīs al-mujtahidīn. Qom: Būstān-i Kitāb, 1388 Sh.
- Narāqī, Muḥammad Mahdī b. Abī Dhar. Tajrid al-ussul. Qom: Sayyid Murtaḍā, 1384 Sh.
- Shahābī, Muhammad. Taqrīrāt-i usūl. 7ª edição. Teerã: Chāpkhāna-yi Ḥāj Muḥammad ʿAlī ʿIlmī, 1321 Sh.
- Shahrakānī, Ibrāhīm Ismāʿil. Al-Mufīd fī sharḥ usūl al-fiqh. Qom: Nashr-i Dhawi al-Qurbā, 1430 AH.
- Shīrwānī, ʿAlī. Taḥrīr usūl-i fiqh. 2ª edição. Qom: Dār al-ʿIlm, 1385 Sh.