Surata Al-Kauthar

Fonte: wikishia

Surata Al-Kauthar (em árabe: سورة الكوثر) é a 108.ª surata e uma das suratas de Meca, que está incluída na 30.ª parte do Alcorão. Esta surata é a menor surata do Alcorão, e por causa da menção de uma bênção incessante e abundante chamada Al-Kauthar para o Profeta Muhammad (s.a.a.s.) no primeiro versículo, ela é chamada de Al-Kauthar e pediu ao Profeta que orasse e se sacrificasse diante desta bênção incessante e abundante.

Piscina de Al-Kauthar, um rio no Paraíso bem abundante, Islã, profecia, Alcorão, muitos companheiros, intercessão e abundância de descendência foram apresentados como exemplos de Al-Kauthar. De acordo com a crença de muitos estudiosos xiitas, Fátima al-Zahra (s.a.) e os seus filhos são um dos exemplos de Al-Kauthar; porque a revelação da Surata é uma resposta àqueles que consideravam o Profeta Muhammad (s.a.a.s.) sem descendência.

É mencionado em virtude da recitação da Surata Al-Kauthar que, quem recitar esta Surata nas orações diárias, beberá da piscina de Al-Kauthar no Dia do Juízo Final e será o companheiro do Mensageiro de Deus sob a árvore-da-felicidade (طوبیٰ).

Introdução

Nomeação

Esta surata é chamada Al-Kauthar porque no seu primeiro versículo fala sobre uma bênção incessante e abundante chamada Al-Kauthar que Deus concedeu ao Profeta Muhammad (s.a.a.s.).[1]

Ordem e Local de Descida

A Surata K Al-Kauthar é uma das suratas de Meca[Nota 1] e é a décima quinta surata que foi revelada ao Profeta Muhammad (s.a.a.s.) na ordem de descida (revelação). Esta surata é a 108.ª surata no arranjo atual do manuscrito (do Alcorão) e está no capítulo 30.[2]

Número de Versículos e Palavras

Surata Al-Kauthar tem 3 versículos, 10 palavras e 43 letras. Esta surata é a menor surata do Alcorão.[3]

Razão da Revelação

A Surata Al-Kauthar foi revelada sobre as palavras que As bin Wael disse sobre o Profeta (s.a.a.s.). Como Abdullah, o filho do Mensageiro de Deus, havia falecido e o Profeta não tinha filho, ele mencionou o Profeta com a palavra Abtar (sem descendência) na reunião de Quraysh.[4] Deus consolou o Profeta com esta surata, que ele vai ser favorecido com incessantes e abundantes bênçãos. Ele também deu-lhe boas notícias de que os seus inimigos seriam piores.[5]

Conteúdo

A Surata Al-Kauthar, que, como as Suratas Al-Dhuhá e Inshirah, se dirige ao Profeta Muhammad (s.a.a.s.) em todos os seus versículos[6] refere-se a uma bênção incessante e abundante chamada AL-kauthar que Deus concedeu ao Seu Profeta.[7] Os comentaristas interpretaram Kauthar como uma grande bênção.[8] O bem pelo qual o Profeta foi convidado a orar e se sacrificar.[9]

Exemplos de Al-Kauthar

Artigo principal: Al-Kauthar

Os comentaristas têm opiniões diferentes sobre o que é o exemplo de Al-Kauthar. Piscina de Al-Kauthar, um rio no céu, bem abundante, Islã, profecia, Alcorão, muitos companheiros e seguidores, muitas gerações do Profeta e intercessão foram apresentados como exemplos de Al-Kauthar.[10]

Na interpretação do exemplo citado por muitos estudiosos xiitas, um dos exemplos de Al-kauthar é Fátima al-Zahra (s.a.); porque nesta surata, é sobre aqueles que consideraram o Profeta sem descendentes, enquanto a geração do Profeta continuou através da sua filha Fátima al-Zahra (s.a.) e é a mesma geração que o Imamato foi-lhe confiado.[11]

Abdullah Javadi Amuli, um intérprete do Alcorão, considera al-Kauthar relacionado com Fátima al-Zahra(s.a.), que onze Imames nasceram da sua geração e o orgulho do mundo, o leste, e o oeste do mundo são governados por seus nomes e os seus filhos, como o propósito da Surata Al-Kauthar era acalmar a mente do Profeta (s.a.a.s.), a expressão "Em verdade, agraciamos-te (com a abundância)" é usada; esta interpretação indica a propriedade de Al-Kauthar pelo Profeta, e esta é uma das notícias invisíveis do Alcorão, porque após o falecimento do profeta, Deus colocou uma bênção na sua geração, para que em todo o mundo nenhuma geração possa ser vista igual a ela, mesmo com todas aquelas calamidades que trouxeram sobre a sua família e mataram um grupo deles, nas guerras.[12]

Diferentes opiniões sobre a interpretação da palavra Nahr(نحر)

Os comentaristas têm opiniões diferentes sobre a interpretação da palavra Nahr. Comentaristas como Fazl bin Hassan Tabarsi (falecido em 1153)[13] e Allameh Tabatabaei (falecido em 1981)[14] interpretaram isso como levantar as mãos e trazê-las na frente do rosto durante Takbeer, citando tradições xiitas e sunitas. Mas o aiatolá Makarem Shirazi acredita que a interpretação de Nahr como um sacrifício é mais apropriada porque se destina a negar as ações de idólatras que realizaram adoração e sacrifício por outros que não sejam Deus (Allah).[15] Alguns comentadores interpretaram Nahr numa interpretação mística como significando que o Profeta é egoísta e carnal, destruído e tornou-se mortal na Verdade para poder permanecer na luz da sobrevivência da Verdade.[16]

Virtudes e Propriedades de Recitar a Surata Al-Kauthar

Artigo principal: Virtudes da Surata

Abu Bassir narrou do Imam Sadiq (a.s.): aquele que recita a Surata Al-Kauthar nas orações diárias beberá da piscina de Al-Kauthar no Dia do Juízo Final e será o companheiro do Mensageiro de Deus sob a árvore-da-felicidade.[17] O mensageiro de Deus disse: quem recitar a Surata Al-Kauthar, Deus o regará dos rios do Paraíso e o recompensará com o número de sacrifícios que os servos de Deus sacrificam no dia do Eid al-Adha (Festa do Sacrifício), bem como os sacrifícios do povo do livro e dos politeístas.[18]

Recitar a Surata nas Orações Recomendadas

Além disso, recitar a Surata Al-Kauthar é recomendado em algumas orações recomendadas; Incluindo:

  • A oração da 11.ª noite do mês de Ramadão: esta oração são duas raka'as; em cada raka'a, a Surata Hamd (surata da Abertura) é recitada uma vez e a Surata AlKauthar vinte vezes.[19]
  • Oração noturna no dia 18 do mês de Ramadão: Esta oração consiste em quatro raka'as, em cada raka'a, a Surata Hamd é recitada uma vez e a Surata Al-Kauthar é recitadas vinte e cinco vezes.[20]

Obra de Arte

A Surata Al-Kauthar está gravada em alguns santuários, mesquitas, imamzades e escolas religiosas na forma de inscrições ou azulejos; incluindo no mausoléu do Imam Hussain (a.s.),[21] uma inscrição no túmulo do Sheikh Saduq na caligrafia de Ibrahim Tehrani, uma inscrição na Escola Sepahsalar e as inscrições na cabeceira da Mesquita Seyed em Isfahan.[22]

Texto e tradução da Surata Al-Kauthar

بِسْمِ اللَّهِ الرَّحْمَٰنِ الرَّحِيمِ

إِنَّا أَعْطَيْنَاكَ الْكَوْثَرَ فَصَلِّ لِرَبِّكَ وَانْحَرْ إِنَّ شَانِئَكَ هُوَ الْأَبْتَرُ

Em nome de Allah, o Clemente, o Misericordioso.

1. Em verdade, agraciamos-te com a abundância.

2. Reza, pois, ao teu Senhor, e faze sacrifício.

3. Em verdade, quem te odiar será privado (de toda a esperança).

Referências

  1. Khurramshāhī, Dānishnāma-yi Qurʾān, vol. 2, pág. 1269.
  2. Maʿrifat, Amūzish-i ʿulūm-i Qurʾān, vol. 2, pág. 166.
  3. Khurramshāhī, Dānishnāma-yi Qurʾān, vol. 2, pág. 1269.
  4. Ṭabrisī, Majmaʿ al-bayān, vol. 10, pág. 836.
  5. Makārim Shīrāzī, Tafsīr-i nimūna, vol. 27, pág. 369.
  6. Makārim Shīrāzī, Tafsīr-i nimūna, vol. 27, pág. 370.
  7. Makārim Shīrāzī, Tafsīr-i nimūna, vol. 27, pág. 370-371.
  8. Ṭabrisī, Majmaʿ al-bayān, vol. 10, pág. 835.
  9. Makārim Shīrāzī, Tafsīr-i nimūna, vol. 27, pág. 372.
  10. Ṭabrisī, Majmaʿ al-bayān, vol. 10, pág. 836-837; Ṭabāṭabāʾī, al-Mīzān, vol. 20, pág. 370.
  11. Makārim Shīrāzī, Tafsīr-i nimūna, vol. 27, pág. 375; Ṭabāṭabāʾī, al-Mīzān, vol. 20, pág. 370.
  12. Ṭabāṭabāʾī, al-Mīzān, vol. 20, pág. 371.
  13. Ṭabrisī, Majmaʿ al-bayān, vol. 10, pág. 837.
  14. Ṭabāṭabāʾī, al-Mīzān, vol. 20, pág. 372.
  15. Makārim Shīrāzī, Tafsīr-i nimūna, vol. 27, pág. 374.
  16. Ibn al-ʿArabī, Tafsīr Ibn al-ʿArabī, vol. 2, pág. 434.
  17. Ṣadūq, Thawāb al-aʿmāl, pág. 126-127.
  18. Ṭabrisī, Majmaʿ al-bayān, vol. 10, pág. 835.
  19. Qummī, Mafātīḥ al-jinān, Seção de orações noturnas do Ramadã.
  20. Qummī, Mafātīḥ al-jinān, Seção de orações noturnas do Ramadã.
  21. «کدام آیات و روایات در ضریح جدید امام حسین‌(ع) درج شده است» سایت موعود.
  22. «مسجد سید اصفهان»، سایت کویرها و بیابان‌های ایران.

Notas

Bibliografia

  • Ibn al-ʿArabī, Muḥyi al-Dīn Muḥammad. Tafsīr Ibn al-ʿArabī. 1ª edição. Editado por: Rubāb, Samīr Mustafā. Beirute: Dār Iḥyāʾ al-Turāth al-ʿArabī, 1422 AH.
  • Khurramshāhī, Bahāʾ al-Dīn. Dānishnāma-yi Qurʾān wa Qurʾān pazhūhī. Teerã: Dūstān-Nāhīd, 1377 Sh.
  • Makārim Shīrāzī, Nāṣir. Tafsīr-i nimūna. Teerã: Dār al-Kutub al-Islāmīyya, 1371 Sh.
  • Maʿrifat, Muḥammad Hādī. Amūzish-i ʿulūm-i Qurʾān. Markaz-i Chāp wa Nashr-i Sāzmān-i Tablīghāt-i Islāmī, 1371 Sh.
  • Qummī, Abbas. Mafātīḥ al-jinān. com tradução persa. Teerã: 1369 Sh.
  • Sadūq, Muhammad b. ʿAlī al-. Thawāb al-aʿmāl wa ʿiqāb al-aʿmāl. Qom: Dār al-Sharīf al-Raḍī, 1406 AH.
  • Ṭabāṭabāʾī, Muḥammad Hussain. Al-Mīzān fī tafsīr al-Qurʾān. Beirute: Muʾassiast al-Aʿlamī li-l-Maṭbūʿāt, 1390 AH.
  • Ṭabrisī, Fāḍl b. al-Ḥassan al-. Majmaʿ al-bayān fī tafsīr al-Qurʾān. Editado por Muḥammad Jawād Balāghī. Teerã: Nāṣir Khusru, 1372 Sh.
  • Wāḥidī, ʿAlī b. Ahmad al-. Asbāb nuzūl al-Qurʾān. Beirute: Dār al-Kutub al-ʿIlmīyya, 1411 AH.