Quatro livros

Fonte: wikishia
Os Quatro Livros; as fontes mais importantes do hadith e da jurisprudência xiita.
Os Quatro Livros; as fontes mais importantes do hadith e da jurisprudência xiita.

Os quatro livros, Al-Kutub al-Arbaʿa ou Usul Arbaah (em árabe: الكتب الأربعة) são quatro livros de hadith que os xiitas consideram suas fontes de hadith mais confiáveis. Os quatro livros são:

  • Al-Kāfī,
  • Man lā yaḥḍuruh al-faqīh,
  • Tahdhīb al-aḥkām,
  • Al-Istibṣār fīmā ikhtalafa min al-akhbār.

(الکافی، مَن لایَحضُرُه الفقیه، تهذیب الاحکام و الاِستِبصار)

O livro Kāfī é escrito por Kulaynī e Man lā yaḥḍuruh al-faqīh, de autoria de Sheikh Ṣadūq. Tahdhīb al-aḥkām e Al-Istibṣār fīmā ikhtalafa min al-akhbār foram escritos por Sheikh Ṭūsī. Pela primeira vez, Shahīd Thānī, usou o termo kutub al-arbaʿa (quatro livros) para se referir a esses quatro livros em uma narração. A partir daí, esse termo passou a ser utilizado em textos jurisprudenciais e gradativamente tornou-se popular. Alguns estudiosos xiitas consideram todos os hadiths dos livros Al-Kutub al-Arbaʿa autênticos; Mas a maioria deles aceitam somente os hadiths que são confiáveis ou autênticos.

Posição

Os xiitas consideram os quatro livros Kāfī, Tahdhīb al-aḥkām, Al-Istibṣār fīmā ikhtalafa min al-akhbār e Man lā yaḥḍuruh al-faqīh como suas fontes de hadith mais confiáveis e se referem a eles como "Al-Kutub al-Arbaʿa" (Quatro Livros).[1] Claro, a maioria dos estudiosos xiitas não considera obrigatório seguir todos os hadiths desses livros e, para segui-los e usá-los como prova, eles verificam as evidências e indicações na linhagem de naradores dos hadiths.[2]

Antecedentes do termo

Shahīd Thānī, é o primeiro estudioso que usou o termo Al-Kutub al-Arbaʿa para esses quatro livros. Em 950 AH, ele usou o termo "Livros de Hadith al-Quarto" em uma narração. Então ele usou esta frase e a frase "Al-Kutub al-Arbaʿa" em várias outras narrações.[3]

Cerca de três décadas após esta data, Mohaghegh Ardabili usou este termo em seu livro de jurisprudência, Majma al-Faideh wa Al-Barhan, que foi escrito em 977 AH e terminou em 985 AH, e assim este termo entrou nos livros de jurisprudência. Depois disso, foi usado nos livros de Zubd al-Bayan (escrito em 989 AH), Muntaqi al-Juman (escrito em 1006 AH) e Al-Wafiyah (escrito em 1059 AH), respectivamente.[4]

Autenticidade dos Quatro livros entre os xiitas

Os juristas xiitas aceitaram a validade geral dos quatro livros. Sheikh Anssari não considerou improvável que acreditar na autenticidade de livros famosos, incluindo esses livros, seja um dos fundamentos da religião.[5] No entanto, entre os estudiosos xiitas, há uma diferença de opinião sobre a certeza ou incerteza da emissão e depois disso sobre a validade e autenticidade de todos os hadiths existentes nestes livros. A esse respeito, três pontos de vista podem ser mencionados:

  • Certeza de Emissão e Validade de Todos os Hadiths: Os Akhbaritas (os que usam somente os hadothis como fonte e evidência nas suas crenças deixando de lado o alcorão e mente) consideram todos os hadiths dos livros Al-Kutub al-Arbaʿa como autênticos e consideram a atribuição de todos os hadiths desses livros ao profeta e Imamos emaculados (a.s.). Ele considera a maioria das narrações nesses livros são autênticas e definitivas.[6]
  • Autenticidade de todos os hadiths e incerteza: alguns juristas como Fazel Tuni[7], Mullah Ahmad Naraqi[8] e Mirza Mohammad Hossein Nayini não aceitaram a certeza de todos os hadiths nos livros de Al-Kutub al-Arbaʿa, mas votaram a favor a validade desses hadiths.
  • Desconfiança da maioria e autenticidade confiável da cadeia de transmissões: A opinião comum dos juristas xiitas é que, além dos poucas narrações autenticas, os demais Hadithis do livro Al-Kāfī são suspeitos, somente são considerados como evidência os hadithis que a sua linhagem narativa é qualificada. Embora haja uma disputa sobre a validade desses hadithis.[9]

Al-Kāfī

Artigo principal: Kāfī

Kāfī foi escrito por Sheikh Abu Jaafar Kulaynī (شیخ ابوجعفر کلینی) (falecido em 329 H) durante a ocultação menor (Do Imam Al-mahdi).[10] O livro contém cerca de 16.000 hadiths e tem três seções gerais: Usul (principios fundamentais), Faroo (ramos) e Ruzah.[11] Usul Kāfī inclui hadiths da crença religiosa, Furuu Kāfī inclui com tradições jurisprudenciais, Roza Kāfī também inclui uma coleção de hadiths diversos.[12]

Man lā yaḥḍuruh al-faqīh

Artigo principal: Man lā yaḥḍuruh al-faqīh

Este livro foi escrito por Sheikh Ṣadūq (شیخ صدوق) (falecido em 381H). Inclui cerca de 6.000 hadiths, cujo assunto é jurisprudência e regras práticas. Neste livro, Sheikh Ṣadūq deu hadiths que ele considerava corretos e com base neles emitia as fatwas.[13]

Tahdhīb al-aḥkām

Artigo principal: Tahdhīb al-aḥkām

Tahdhīb al-aḥkām é escrito por Sheikh Ṭūsī (شیخ طوسی) (falecido em 460 H). Este livro tem 393 seções e 13.590 hadiths e seu assunto é a jurisprudência. Sheikh Ṭūsī escreveu este livro na descrição do livro (توضیح المقنعه) Tauzih al-Maqnah de Sheikh Mufīd e assim foi estruturado.[14]

Al-Istibṣār fīmā ikhtalafa min al-akhbār

Artigo principal: Al-Istibṣār fīmā ikhtalafa min al-akhbār

Sheikh Ṭūsī escreveu este livro após Tahdhīb al-aḥkām e a pedido de alguns de seus alunos. Neste livro, ele coletou apenas narrações conflitantes em vários tópicos jurisprudenciais. Por esta razão, o livro não inclui todos os tópicos jurisprudenciais.[15]

Referências

  1. Amīnī, al-Ghadīr, vol. 3 pág. 383-384.
  2. Amīnī, al-Ghadīr, vol. 3 pág. 383-384.
  3. Bāqirī, Chahār kitāb-i hadīthī Imāmīyya wa rawāj iṣtilāḥ al-kutub al-arbaʿa: naqdī bar dīdgāh Andrew Newman.
  4. Bāqirī, Chahār kitāb-i hadīthī Imāmīyya wa rawāj iṣtilāḥ al-kutub al-arbaʿa: naqdī bar dīdgāh Andrew Newman.
  5. Anṣārī, Farā'id al-usūl, vol. 1 pág. 239.
  6. Istarābādī, al-Fawa'id al-madanīyya, pág. 112; Karakī, Hidayat al-abrār, pág. 17.
  7. Fādil al-Tūnī, al-Wāfīya fi usūl al-fiqh, pág. 166.
  8. Naraqī, Minhaj, pág. 166.
  9. Khoei, Muʿjam rijāl al-ḥadīth, vol. 1 pág. 87-97.
  10. Mudīr Shānichī, Tārīkh-i Hadīth, pág. 96.
  11. Mudīr Shānichī, Tārīkh-i Hadīth, pág. 96-97.
  12. Mudīr Shānichī, Tārīkh-i Hadīth, pág. 96-97.
  13. Mudīr Shānichī, Tārīkh-i Hadīth. pág. 130-135.
  14. Mudīr Shānichī, Tārīkh-i Hadīth, pág. 138,140.
  15. Mudīr Shānichī, Tārīkh-i Hadīth, pág. 148-150.

Bibliografia

  • Amīnī, ʿAbd al-Ḥussain al-. Al-Ghadir. Qom: Markaz al-Ghadīr li-l-Dirāssāt al-Islāmīyya, 1416 AH.
  • Anṣārī, Murtaḍā al-. Farāʾid al-uṣūl, Qom: Majmaʾ al-Fikr al-Islāmī, 1428 AH.
  • Bāqirī, Ḥamīd, "Chahār kitāb-i hadīthī Imāmīyya wa rawāj iṣtilāḥ al-kutub al-arbaʿa: naqdī bar dīdgāh Andrew Newman", acessado em 20 de outubro de 2018.
  • Faḍil al-Tūnī, ʿAbd Allāh b. Muhammad al-. Al-Wāfīya fī uṣūl al-fiqh. Editado por Raḍawī Kashmīrī. Qom: Majmaʿ al-Fikr al-Islāmī, 1415 AH.
  • Istarābdī, Muḥammad Amīn b. Muḥammad Sharīf al-. Al-Fawā'id al-madanīyya, Tabriz: [np], 1321 Sh.
  • Karakī, Hussain b. Shahāb al-Din al-. Hidayat al-abrār ilā ṭarīq al-a'imma al-aṭhār. Editado por Raʾūf Jamāl al-Dīn. Najaf: Muʾassissat Iḥyāʾ al-Aḥyāʾ, 1396 AH.
  • Khoei, Abū l-Qāsim al-. Mu'jam rijāl al-ḥadīth. Qom: Markaz Nashr al-Thiqāfa al-Islāmīyya fi l-ʿĀlam, 1372 Sh.
  • Mudīr Shānichī, Kāẓim. Tarikh-i Hadith. Teerã: Intishārāt-i Samt, 1419 AH.