Hadithul Bidh’a

Fonte: wikishia
Um quadro caligráfica de Hadithul Bidh’a, de Ghulamhussain Amirkhani
Um quadro caligráfica de Hadithul Bidh’a, de Ghulamhussain Amirkhani

Hadithul Bidh’a (em árabe: حديث البَضْعَة) é um doshadiths proféticos sobre a sayida Fatimah (a.s.) em que o Profeta (s.a.a.s.) apresentou Fátima como "um pedaço de seu corpo" e considerou a felicidade dela como a felicidade dele e o aborrecimento dela como o aborrecimento dele. Este hadith foi narrado em fontes xiitas e sunitas. O hadith de Bidh’ah é citado para provar tópicos como a infalibilidade da senhora Fátima (a.s.), sua retidão no incidente de Fadak e a obrigação de honrar o Ahlul Bait ( A.S).

De acordo com alguns relatos de fontes sunitas, este hadith relata sobre o pedido de casamento que o Profeta (s.a.a.s.) fez à filha de Abu Jahl para imam Ali (a.s.). De acordo com estudiosos xiitas, esses relatos são falsos e seus narradores são acusados de falsificar hadith e inimizade com Ahlul Bait (AS).

O texto e autenticação

No hadith de Bidha’a, o Profeta (s.a.a.s.) disse sobre sua filha Senhora Fátima (a.s.): "Fátima é uma parte do meu corpo, quem a machuca, me machuca, e quem a faz feliz, me faz feliz."[1] O conteúdo deste hadith foi citado em várias fontes xiitas e sunitas.[2]

Narradores

Esses estão entre os narradores deste hadith.

Jalal al-Din Siyuti, o comentarista sunita, considerou ser o caso de concordância entre xiitas e sunitas[7] e Fakhr Al-razi, o comentarista sunita, usou esta narração para a interpretação de alguns versículos do Alcorão.[8]

Terminologia

Bidh’a significa um pedaço do corpo.[9] Portanto, quando se diz: " فُلان بَضْعَةٌ مِنِّی" “o fulano é parte de meu corpo” refere-se a proximidade dessa pessoa com o falante, é como se essa pessoa fosse uma parte de seu corpo.[10] A frase "Bidha’atu mini" também foi utilizada com Profeta Muhammad (s.a.a.s.) em várias ocasião referindo o Imam Ali (a.s.)[11] e Imam Reza (a.s.)[12].

o uso teológicas e jurisprudenciais

O hadith de Badjah foi usado para provar alguns tópicos teológicos:

A infalibilidade de Senhora Fátima (a.s.): Os teólogos citaram esta narração para provar a infalibilidade de senhora Fatimah (a.s.).[13] De acordo com o Aiatolá Sobhani, uma das fontes da imitação (marjii taqleed) xiita (nascido em 1308 ), na naração Bidha’a, a felicidade e a tristeza da senhora Fátima (a.s.) é considerado o critério para a felicidade e a tristeza de Allah e Seu Mensageiro. Visto que Deus só se agrada com atos justos e não se agrada com o pecado e a desobediência às Suas ordens, se Senhora Zahra (a.s.) cometesse um pecado, então ficaria enquadrada em satisfação com algo que desagradou a Allah; Enquanto o hadith de Badha’a vinculou a aprovação divina com a aprovação de Fátima (a.s.).[14]

A supremacia da senhora Fatimah (a.s.) sobre as senhoras do mundo: Shihab al-Din Alousi, o comentarista sunita (falecido em 1270 H.), usando este hadith sob o verso «وَإِذْ قَالَتِ الْمَلَائِكَةُ يَا مَرْيَمُ إِنَّ اللَهَ اصْطَفَاكِ وَطَهَّرَكِ وَاصْطَفَاكِ عَلَىٰ نِسَاءِ الْعَالَمِينَ» "|E lebra-lhes, Ó profeta de| quando os Anjos disseram: Ó Maria por certo, Allah te escolheu e te purificou, e escolheu sobre as Mulheres dos mundos"[15] prova que a senhora Fátima (a.s.) é mais nobre e sagrada dos que todas mulhres do mundo incluindo a Senhora Mariam (a.s.).[16]

Prova da autenticidade da Senhora Fátima (a.s.) no incidente Fadak[17] Após a morte do Profeta (s.a.a.s.), A Senhora Zahra (a.s.) citou esta narração em seu protesto perante os califas da época.[18]

Também é usada esta narração, para provar a:

  • Obrigação de honrar o Ahlul Bait (a.s.)[19]
  • Não aceitar o testemunho do filho para o pai ou vice-versa,[20]
  • A proibição de casar mães e filhas,[21]
  • A necessidade de honrar os pais[22] e
  • A permissão de visitar túmulos por mulheres[23].

O uso de Hadith Bidh’a contra Imam Ali (A.S.)

De acordo com alguns relatos, dizem que o hadith Bidh’a tem haver com o pedido de casamento de Ali (a.s.) que foi feito com o profeta (s.a.a.s.) à filha de Abu Jahl; De acordo com a narração de Ibn Hanbal (falecido em 241 AH) de Abdullah bin Zubair, Diz que quando Ali (a.s.) falou sobre se casar com a filha de Abu Jahl e a notícia chegou ao Profeta (S.A.A.A), ele disse: «اِنّما فَاطِمَةُ بَضْعَةٌ مِنِّی یُوذینی ما آذَاها» "certamente que Fátima é parte do meu corpo, me machuca quem a machucar"[24] Esta narrativa foi mencionada em diferentes fontes e de maneira diferente.[25]

Seyed Morteza, um teólogo xiita (355-436H) considerou essas narrações como falsas.[26] De acordo com as narração do Imam Sadiq (a.s.), tambemindicam que esta história também é falsa.[27] Abu Hurairah , um dos narradores deste assunto, é acusado de falsificar hadithis,[28] também Hossein Karabisi e Meswar bin Makhramah Zohari, entre os outros narradores deste assunto, são apresentados como fracos e não confiáveis entre os narradores, por isso suas narrativas não são aceitas.[29] Seyyed Morteza considerou Karabisi como um dos crentes que odiava os Ahlul Bait (A.S.).[30] o sayyid mortaza continua dizer que se este caso fosse verdade, por que os inimigos de Imam Ali (A.S.) como por exemplo os Bani Umayyah e seus apoiadores porque que não usaram este ato para destruir e envergonhar a personalidade de Imam Ali (a.s.)e chegar aos seus objetivos?!!.[31]

Jafar Morteza Ameli (falecido em 1441 AH), um dos pesquisadores da história islâmica, embora considerando contraditórios os relatos sobre a proposta de casamento de Imam Ali à filha de Abi Jahl, mencionou treze (13) evidência para rejeitar esta história.[32]

Referências

  1. Ṣadūq, al-Amālī, pág. 165.
  2. Ṣadūq, al-Iʿtiqādāt, pág. 105; Mufīd, Kitāb al-amālī, pág. 260; Ibn Maghāzīlī, Manāqib ʿAlī b. Abī Talib, pág. 289; Sadūq, al-Amalī, pág. 24; Bukhārī, Ṣaḥīḥ al-Bukhārī, vol. 4, pág. 210, 219.
  3. Sadūq, al-Khiṣāl, pág. 573; Fattāl al-Nayshābūrī, Rawḍat al-wāʿiẓīn, pág. 149.
  4. Sadūq, al-Amalī, pág. 175, 575.
  5. Khazzāz al-Qummī, Kifāyat al-athar, pág. 37.
  6. Khazzāz al-Qummī, Kifāyat al-athar, pág. 64; Majlisī, Biḥār al-anwār, vol. 36, pág. 308.
  7. Suyūṭī, al-Thughūr al-bāsima, pág. 67.
  8. Fakhr al-Rāzī, al-Tafsīr al-Kabīr, vol. 9, pág. 160, sob o Alcorão 7:189; vol. 30, pág.126, sob 43:15 e sob o Alcorão 7-:19.
  9. Ibn Manẓūr, Lisān al-ʿArab, vol. 8, pág. 12; Ibn Athīr, al-Nihāya fī gharīb al-ḥadīth, vol. 1, pág. 133.
  10. Rāghib al-Iṣfahānī, Mufradāt alfāẓ al-Qurʾān, pág.129.
  11. Bahrānī, al-Burhān fī tafsīr al-Qurʾān, vol. 1, pág. 261.
  12. Fattāl al-Nayshābūrī, Rawḍat al-wāʿiẓīn, pág. 233; Ṣadūq, Man lā yaḥḍuruh al-faqīh, vol. 2, pág. 583, 588.
  13. Sayyid Murtaḍā. al-Shāfī fī al-imāma, vol. 4, pág. 95; Ibn Abī l-Ḥadīd, Sharḥ Nahj al-balāgha, vol. 16, pág. 273; ʿĪjī, al-Mawāqif fī ʿilm al-kalām, vol. 3, pág. 597.
  14. Subḥānī, Pazhūhishī dar shinākht wa ʾiṣmat-i Imām, pág. 27.
  15. Alcorão 3:42.
  16. Ālūsī, Rūḥ al-maʿānī, vol. 3, pág.155.
  17. Ibn Abī l-Ḥadīd, Sharḥ Nahj al-Balāgha, vol. 16, pág. 278; ʿĪjī, al-Mawāqif fī ʿilm al-kalām, vol. 3, pág. 597, 607.
  18. Khazzāz al-Qummī, Kifāyat al-athar, pág. 65.
  19. Fakhr al-Rāzī, al-Tafsīr al-Kabīr, vol. 27, pág. 166.
  20. Ibn ʿArabī, Aḥkām al-Qurʾān, vol. 1, pág. 638; Ibn Qadama, al-Mughnī, vol. 12, pág. 66.
  21. Fakhr al-Rāzī, al-Tafsīr al-Kabīr, vol. 10, pág. 26.
  22. Fakhr al-Rāzī, al-Tafsīr al-Kabīr, vol. 20, pág. 185.
  23. Shahīd al-Awwal, al-Dhikrā al-Shīa, vol. 2, pág. 63.
  24. Ibn Hanbal, al-Musnad, vol. 4, pág. 5.
  25. Ṣadūq, al-Iʿtiqādāt; Mufīd, Kitāb al-amālī; Ibn Maghāzīlī, Manāqib ʿAlī b. Abī Talib; Sadūq, al-Amalī; Bukhārī, Ṣaḥīḥ al-Bukhārī.
  26. Sayyid Murtaḍā, Tanzīh al-anbīyā, pág. 167.
  27. Ṣadūq, al-Amālī, pág. 165.
  28. Tustarī, Qāmūs al-rijāl, vol. 9, pág. 111.
  29. Faḍlī, Uṣūl al-ḥadīth, pág. 139.
  30. Sayyid Murtaḍā, Tanzīh al-anbīyā, pág. 167-168.
  31. Sayyid Murtaḍā, Tanzīh al-anbīyā, pág. 169.
  32. ʿĀmilī, al-Ṣaḥīḥ min sīrat Imām ʿAlī (a), vol. 3, pág. 61-74.

Notas

Bibliografia

  • Abū Dāwūd, Sulayman b. Ashʿth. Sunan Abu Dawud. Beirute: Dār al-Fikr, 1410 AH.
  • ʿĀmilī, al-Sayyid Jaʿfar al-Murtaḍā al-. Al-Ṣaḥīḥ min sīrat Imām ʿAlī (a). Qom: Wilā al-Murtaḍā, 1430 AH.
  • Bukhārī, Muḥammadb. Ismāʿīl al-. Ṣaḥīḥ al-Bukhārī. Beirute: Dār al-Fikr, [nd].
  • Bahrani, Hashim b. Sulayman al-. Al-Burhān fī tafsīr al-Qurʾān. Qom: Bunyād-i Biʿthat, [n.d.].
  • Fattāl al-Nayshābūrī, Muḥammad b. al-Aḥmad al-. Rawḍat al-wāʿiẓīn. Qom: Manshūrāt al-Sharīf al-Raḍī, [n.d.].
  • Fakhr al-Rāzī, Muḥammad b. al-ʿUmar al-. Al-Tafsir al-Kabir. Teerã: Dār al-Kutub al-ʿIlmiyya, [n.d].
  • Faḍlī, ʿAbd al-Hādī. Uṣūl al-ḥadīth. 3ª edição. Beirute: Muʾassisat Umm al-Qurā li al-Taḥqīq wa al-Nashr, 1421 AH.
  • Ibn Shāhin, ʿUmar. Faḍāʾil Sayyidat al-Nisāʾ. Editado por Abū Isḥāq. Cairo: Maktabat al-Tarbiyyat al-Islāmiyya, 1411 AH.
  • Ibn ʿArabī, Muhammad b. 'Abd Allah. Aḥkām al-Qurʾān. Beirute: Dār al-Fikr, [nd].
  • Ibn Qadāma, ʿAbd Allāh b. Ahmad. Al-Mughni. Beirute: Dār al-Kitāb al-ʿArabī, [n.d].
  • Ibn Maja, Muḥammad ibn Yazid. Sunan Ibn Maja. Editado por Muḥammad fuʾād ʿAbd al-Bāqī. [np]: Dār al-Fikr, [nd].
  • Ibn Maghāzīlī, Abū l-Hasan ʿAlī b. Muḥammad. Manāqib ʿAlī b. Abī Talib. [n.p.]: Intishārāt-i Sibṭ al-Nabī, 1426 AH.
  • Ibn Manẓūr, Muhammad b. Mukarram. Lisān al-ʿArab. Beirute: Dār Ṣādir, [n.d.].
  • Ibn Abī l-Ḥadīd, ʿAbd al-Ḥamīd b. Hibat Allah. Sharḥ Nahj al-balāgha. Editado por Muḥammad Abu l-faḍl Ibrāhīm. [np]: Dār Iḥyāʾ al-Kutub al-ʿArabīyya, [nd].
  • Ibn Athir, Majd al-Din Mubarak. Al-Nihāya fī gharīb al-ḥadīth wa al-athar. 4ª edição. Editado por Maḥmūd Muḥammad Ṭanāhī. Qom: Ismāʿīlīyān, 1364 Sh.
  • Ibn Shahrāshūb, Muḥammad b. Alī. Manāqib Āl Abī Ṭālib. Editado por Ḥāshim Rasūlī. 1ª edição. Qom: Nashr-i ʿAllāma, 1379 SH.
  • Ibn Batrīq, Yaḥya b. Hassan. ʿUmdat ʿuyūn ṣiḥāḥ al-akhbār fī manāqib Imām al-abrār. Qom: Muʾassisa Nashr-i Islamī, 1407 AH.
  • Ibn Hanbal, Ahmad b. Muḥammad. Al-Musnad. Beirute: Dār Ṣādir, [n.d.].
  • ʿĪjī, ʿAḍud al-Dīn. Al-Mawāqif fī ʿilm al-kalām. Editado por ʿAbd al-Raḥmān ʿUmayra. Beirute: Dār al-Jalīl, 1417 AH.
  • Khazzāz al-Qummī, ʿAlī b. Muḥammad b. ʿAlī al-. Kifāyat al-athar fī l-naṣṣ ʿalā l-aʾimmat al-ithnā ʿashar. Editado por ʿAbd al-Laṭīf Ḥussainī Kūhkamaraʾī Khoeī. Qom: Bīdar, 1401 AH.
  • Mufid, Muḥammad b. Muḥammad al-. Kitāb al-amālī. Beirute: Dār al-Mufīd, 1414 AH.
  • Majlisī, Muḥammad Bāqir al-. Bihar al-anwar. Beirute: Muʾassisat al-Wafāʾ, 1403 AH.
  • Nīshābūrī, Faḍl b. Shādān. Al-Iḍāḥ. Editado por Jalāl al-Dīn Hussain Armawī. Teerã: Muʾassisa Intishārāt, 1351 Sh.
  • Nayshābūrī, Muslim b. Hajjaj. Ṣaḥīḥ Muslim. Beirute: Dār al-Fikr, [n.d.].
  • Rāghib al-Iṣfahānī, Hussain b. Muḥammad al-. Mufradāt alfaẓ al-Qurʾān. Editado por Ṣafwān ʿAdnān Dāwūdī. [n.p.]: Ṭalīʿat al-Nūr, 1426 AH.
  • Subḥānī, Jaʿfar. Pazhūhishī dar shinākht wa ʾiṣmat-i Imām. Mashhad: Bunyād-i Pazhūhishha-yi Islamī, 1389 SH.
  • Sayyid Murtada. Al-Shāfī fī al-imama. Editado por Sayyid ʿAbd al-Zahrāʾ Ḥussainī. 2ª edição. Teerã: Muʾassisa al-Ṣādiq, 1410 AH.
  • Sayyid Murtada. Tanzīh al-anbīyā'. Qom: al-Sharīf al-Raḍī, 1250 AH.
  • Suyūṭī, Jalāl al-Dīn. Al-Thughūr al-bāsima fī manāqib al-Sayyida Fāṭima. 1ª edição. [n.p.]: Jamʾiyyat al-Āl wa al-Aṣḥāb, 1431 AH.
  • Shahīd al-Awwal, Muḥammad b. Makki. Al-Dhikrā al-shīʿa fī aḥkām al-sharīʿa. Editado por Muʾassisat Āl al-Bayt. Qom: Muʾassisat Āl al-Bayt, 1419 AH.
  • Sadūq, Muḥammad b. ʿAlī al-. Al-Iʿtiqādāt. Editado por ʿUṣām ʿAbd al-Sayyid. 2ª edição. Beirute: Dār al-Mufīd, 1414 AH.
  • Sadūq, Muḥammad b. ʿAlī al-. Al-Amalī. Qom: Muʾassisat al-Biʿtha, 1417 AH.
  • Sadūq, Muḥammad b. ʿAlī al-. Al-Khiṣāl. Editado por ʿAlī Akbar Ghaffārī. [n.p.]: Jāmiʿat al-Mudarrisīn-i Ḥawza-yi ʿIlmiyya, [n.d.].
  • Sadūq, Muḥammad b. ʿAlī al-. Man lā yaḥḍuruh al-faqīh. Editado por ʿAlī Akbar Ghaffārī. 2ª edição. Qom: Jāmiʿat al-Mudarrisīn, 1404 AH.
  • Tustarī, Muḥammad Taqī. Qamus al-rijal. Editado por Muʾassisat al-Nashr al-Islāmī. Qom: Muʾassisat al-Nashr al-Islāmī, 1417 AH.
  • Ṭūsī, Muḥammad b. al-Ḥassan al-. Al-Amalī. Qom: Dār al-Thiqāfa, 1414 AH.