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Umm Kulthum Filha do Imam Ali (a.s.)

Fonte: wikishia
Umm Kulthum Filha do Imam Ali (a.s.)
O santuário atribuído a Umm Kulthum no cemitério Bab al-Saghir, Síria.
O santuário atribuído a Umm Kulthum no cemitério Bab al-Saghir, Síria.
PapelNarradora de hadiths • Proferiu sermões em Kufa
Data de nascimento6 (Hijri)
Local de nascimentoMedina
SepulturaCemitério Bab al-Saghir e, segundo algumas fontes, Cemitério de Baqi
Local de residênciaMedina
PaiImam Ali (a.s.)
MãeFátima al-Zahra (s.a.)
Esposo(s)Casamento de Umm Kulthum com Umar ibn al-Khattab


Umm Kulthum, filha do Imam Ali ibn Abi Talib (a.s.) e de Fátima al-Zahra (s.a.), nasceu, segundo Shaikh Mufid, após o Imam Hassan (a.s.), o Imam Hussain (a.s.) e Zaynab (s.a.).

Outras filhas do Imam Ali (a.s.) também são relatadas com o nome ou alcunha de Umm Kulthum. Devido a essa similaridade de nomes, há controvérsias sobre alguns relatos a respeito da vida de Umm Kulthum. A questão mais controversa é o casamento de Umm Kulthum com Umar ibn al-Khattab, o segundo califa dos sunitas, narrado em livros históricos e de hadith. Muitos estudiosos xiitas aceitam essa narrativa, enquanto alguns se opõem a ela.

De acordo com alguns hadiths xiitas, este casamento ocorreu sob ameaça do segundo califa dos sunitas, por coerção e de taqiyya. Um grupo de estudiosos xiitas também compartilha essa visão.

Em algumas fontes, Umm Kulthum é considerada uma das mulheres presentes no Batalha de Karbala. No entanto, segundo figuras como Sayyid Muhsin Amin, um biógrafo xiita, Umm Kulthum faleceu antes do Batalha de Karbala, e a Umm Kulthum presente em Karbala provavelmente seria outra das filhas do Imam Ali (a.s.) e esposa de Muslim ibn Aqil.

Existe um mausoléu na Síria que alguns acreditam ser o túmulo de Umm Kulthum; mas outros afirmam que este túmulo pertence a outra Umm Kulthum da família do Profeta Muhammad (s.a.a.s.), e que Umm Kulthum, filha do Imam Ali (a.s.) e de Fátima al-Zahra (s.a.), está sepultada no Cemitério de Baqi' em Medina.

Nascimento e linhagem

De acordo com estudiosos xiitas e sunitas, Ali ibn Abi Talib (a.s.) e Fátima al-Zahra (s.a.), filha do profeta Muhammad (s.a.a.s.) tiveram uma filha chamada Umm Kulthum.[1] Em algumas fontes, seu nascimento é relatado genericamente como tendo ocorrido na época do Profeta;[2] mas Dhahabi, um historiador sunita (falecido em 748 AH), escreveu que ela nasceu por volta do ano 6 AH.[3]

Além disso, segundo o relato de Shaikh Mufid no livro Irshad, ela era a filha nascida após Zaynab (s.a.);[4] mas na Sira de Ibn Ishaq, um biógrafo dos séculos I e II AH, o nome dela é mencionado antes do nome de Zaynab; contudo, não é especificado se ela era mais velha ou Zaynab.[5]

Alcunhas e apelidos

Shaikh Mufid mencionou o nome de Umm Kulthum como Zaynab Sughra e sua kunya como Umm Kulthum.[6] Segundo Shaikh Abbas Qummi em livro Al-Kuna wa al-Alqab, o Profeta Muhammad (s.a.a.s.) deu-lhe esta alcunha devido à semelhança de Zaynab Sughra com sua própria filha, Umm Kulthum.[7]

Sayyid Muhsin Amin, escreveu que o Imam Ali (a.s.) teve três ou quatro filhas com o nome ou kunya de Umm Kulthum:

  • Umm Kulthum Kubra, filha de Fátima al-Zahra (s.a.);
  • Umm Kulthum, esposa de Muslim ibn Aqil, que provavelmente era Umm Kulthum Wusta;
  • Umm Kulthum Sughra;
  • Zaynab Sughra, cuja kunya era Umm Kulthum.[8]

Segundo ele, as duas últimas podem ser a mesma pessoa, ou pode ser que sejam duas distintas e que o Imam Ali (a.s.) tenha tido quatro filhas com este nome ou alcunha.[9]

Marido e filhos

De acordo com o relato de Ibn Sa'd, um historiador e biógrafo dos séculos II e III AH, Umm Kulthum primeiro se casou com Umar ibn al-Khattab, o segundo califa dos sunitas. Após a morte de Umar, ela se casou com seu primo paterno, 'Awn ibn Ja'far ibn Abi Talib. Após a morte de 'Awn, ela se casou com seu cunhado Muhammad, e depois da morte dele, ela se casou com outro cunhado, Abdullah ibn Ja'far, que antes havia sido marido de sua irmã Zaynab.[10] No entanto, o historiador e biógrafo Maqrizi (766-845 AH) relatou que, após Umar, ela primeiro se casou com Muhammad ibn Ja'far, e após a morte dele, ela se casou com 'Awn, e faleceu enquanto era sua esposa.[11]

Ibn Sa'd e Ibn Asakir (historiador do século VI AH) escreveram que Umm Kulthum teve dois filhos com Umar, chamados Zayd e Ruqayyah.[12] Contudo, Najmuddin Tabasi, um pesquisador da história xiita, baseando-se em fontes que relatam a morte de Muhammad e 'Awn nas batalhas de Shushtar nos anos 16 ou 17 AH, e também na morte de Hazrat Zaynab no ano 63 AH, e na proibição de casar-se simultaneamente com duas irmãs, conclui que os relatos acima sobre a vida e os casamentos de Umm Kulthum não são defensáveis.[13]

Casamento com Umar ibn al-Khattab

Artigo principal: Casamento de Umm Kulthum com Umar ibn al-Khattab

A história do casamento de Umm Kulthum com Umar ibn al-Khattab, o segundo califa dos sunitas, é uma questão controversa e de divergência: De acordo com livros de história dos sunitas, como Tarikh Ya'qubi e Tarikh al-Tabari, bem como fontes de hadith xiitas como Al-Kafi e Tahdhib al-Ahkam, Umm Kulthum casou-se com Umar.[14] Mirza Jawad Tabrizi e Sayyid Ali Milani, ao examinar duas narrações presentes no livro Al-Kafi, as consideraram autênticas.[15] Muhammad Taqi Shushtari, um estudioso xiita dos séculos XIV e XV AH, considerou as narrações existentes neste campo como mutawatir e o acontecimento deste casamento como inegável.[16]

Apesar disso, alguns estudiosos xiitas, incluindo Ayatollah Mar'ashi[17] e Muhammad Jawad Balaghi,[18] não aceitaram este casamento. Aqa Buzurg Tehrani listou os nomes dos livros que negam este casamento em Al-Dhari'ah.[19]

De acordo com estudiosos como Sayyid al-Murtada (355-436 AH) e Fadl ibn Hassan Tabarsi (falecido em 548 AH, este casamento ocorreu, mas foi por coerção e taqiyya.[20] Existem também narrações que apoiam esta afirmação. Por exemplo, no livro Al-Kafi, é narrado do Imam Sadiq (a.s.) que Umm Kulthum foi uma filha que foi usurpada (ghasb) de nós.[21] Em outra narração do mesmo livro, fala-se da ameaça de Umar para que o Imam Ali (a.s.) aceitasse o casamento.[22]

Presença em Karbala

Em algumas fontes, a presença de Umm Kulthum no Batalha de Karbala é mencionada. Por exemplo, Sayyid Ibn Tawus (589-664 AH), em várias partes de seu livro de maqtal, Luhuf, nomeia Umm Kulthum; incluindo seu lamento junto com Zaynab (s.a.) quando o Imam Hussain (a.s.) lhes disse que seria morto,[23] seu discurso em Kufa repreendendo os kufanos[24] e seu pedido a Shimr em Sham (Síria), para que os fizessem entrar em Damasco por um local menos visível.[25] De acordo com algumas fontes sunitas, quando os cativos de Karbala foram levados para Kufa, Umm Kulthum proferiu um sermão entre o povo desta cidade, repreendendo os kufanos.[26] No entanto, em fontes xiitas[27] e em algumas outras fontes sunitas,[28] este sermão é atribuído a Hazrat Zaynab.

Apesar disso, nessas fontes não é especificado que esta Umm Kulthum era filha do Imam Ali (a.s.) com Fátima (s.a.). Em contraste, alguns afirmaram que a Umm Kulthum presente no Batalha de Karbala era outra das filhas do Imam Ali (a.s.) que não era de Hazrat Fátima.[29] Sayyid Muhsin Amin também escreveu que não está claro qual das filhas do Imam Ali (a.s.) esteve com o Imam Hussain em Karbala; mas a probabilidade maior é que tenha sido a esposa de Muslim ibn Aqil.[30]

Falecimento

O túmulo de Umm Kulthum, Damasco, Síria.

Há diversas opiniões sobre o tempo e a maneira do falecimento de Umm Kulthum. Entre elas, está a de que ela e seu filho Zayd faleceram simultaneamente devido a uma doença, e isso ocorreu quando Umm Kulthum era esposa de Abdullah ibn Ja'far (falecido em 80 AH).[31] Segundo algumas fontes, os dois foram envenenados por ordem de Abd al-Malik ibn Marwan (governo: 65-86 AH), e Abdullah ibn Umar realizou a oração fúnebre por eles.[32] Contudo, Sayyid Muhsin Amin menciona que sua morte ocorreu antes do Batalha de Karbala e antes do ano 54 AH.[33]

Local de sepultamento

Segundo Ibn Battuta, o famoso viajante e cronista do século VIII AH, o túmulo de Umm Kulthum, filha de Ali ibn Abi Talib (a.s.) e Fátima al-Zahra (s.a.), está a uma légua da cidade de Damasco.[34] Yaqut Hamawi (574-626 AH) também relatou o túmulo de Umm Kulthum em Rawiya, Damasco.[35]

No entanto, Ibn Asakir escreveu que Umm Kulthum faleceu em Medina e foi sepultada no Cemitério de Baqi', e que o túmulo existente em Rawiya, Damasco, pertence a outra pessoa com o mesmo nome da família do Profeta (s.a.a.s.).[36]

Referências

  1. ↑ Mufīd, al-Irshād, vol. 1, pág. 354; Ibn Saʿd, al-Ṭabaqāt al-kubrā, vol. 8, pág. 338.
  2. ↑ Ibn Ḥajar, al-Iṣāba, vol. 8, pág. 464. Ibn ʿAbd al-Barr, al-Istīʿāb, vol. 4, pág. 1954.
  3. ↑ Dhahabī, Siyar iʿlām al-nubalāʾ, vol. 3, pág. 500
  4. ↑ Mufīd, al-Irshād, vol. 1, pág. 354.
  5. ↑ Ibn Isḥāq, Sīrat Ibn Isḥāq, vol. 1, pág. 274.
  6. ↑ Mufīd, al-Irshād, vol. 1, pág. 354.
  7. ↑ Qummī, al-Kunā wa l-alqāb, vol. 1, pág. 228.
  8. ↑ Amīn, Aʿyān al-Shīʿa, vol. 3, pág. 484-485.
  9. ↑ Amīn, Aʿyān al-Shīʿa, vol. 3, pág. 484-485.
  10. ↑ Amīn, Aʿyān al-Shīʿa, vol. 3, pág. 484-485; Ibn Saʿd, al-Ṭabaqāt al-kubrā, vol. 8, pág. 338.
  11. ↑ Maqrizī, Imtāʿ al-asmāʾ, vol. 5, pág. 370.
  12. ↑ Ibn ʿAsākir, Tārīkh madīna-yi Dimashq, vol. 19, pág. 482; Ibn Saʿd, al-Ṭabaqāt al-kubrā, vol. 8, pág. 338.
  13. ↑ Ṭabasī, Pasokh be Chand Shobeh Fāṭemī, 1393 SH, pág. 41.
  14. ↑ Kūlaynī, al-Kāfī, vol. 5, pág. 346; Ṭūsī, Tahdhīb al-aḥkām, vol. 8, pág. 161; Ṭabrisī, Iʿlām al-warā, vol. 1, pág. 397.
  15. ↑ Tabrīzī, al-Anwār al-Ilāhīyah, 1422 AH, pág. 123; Mīlānī, Muḥāḍarāt fī al-Iʿtiqādāt, 1421 AH, vol. 2, pág. 659.
  16. ↑ Tustarī, Qāmūs al-Rijāl, 1428 AH, vol. 12, pág. 216.
  17. ↑ Marʿashī Najafī, Panvīs, in Ahqāq al-Ḥaqq, 1409 AH, vol. 2, pág. 490.
  18. ↑ Āqā Buzurq al-Tihrānī, al-Dharīʿa, vol. 4, 172.
  19. ↑ Āqā Buzurq al-Tihrānī, al-Dharīʿa, vol. 2, 10-11.
  20. ↑ Sayyid Murtadā, Rasāʾil, 1405 AH, vol. 3, pág. 149; Ṭabarsī, Aʿlām al-Wurā, 1417 AH, vol. 1, pág. 397.
  21. ↑ Kūlaynī, al-Kāfī, vol. 5, pág. 346.
  22. ↑ Kūlaynī, al-Kāfī, vol. 5, pág. 346.
  23. ↑ Ibn Ṭāwūs, Luhūf, pág. 82.
  24. ↑ Ibn Ṭāwūs, Luhūf, pág. 154-156.
  25. ↑ Ibn Ṭāwūs, Luhūf, pág. 174.
  26. ↑ Ibn Ṭayfūr, Balāghāt al-Nisāʾ, al-Sharīf al-Raḍī, pág. 37–39; Ibn Ḥamdūn, al-Tadhkira al-Ḥamdūniyya, 1417 AH, vol. 6, pág. 264–265; Ibn Saʿd al-Ābī, Nasr al-Durr fī al-Muḥāḍarāt, 1424 AH, vol. 4, pág. 19–20.
  27. ↑ Sheikh Mufīd, al-Amālī, 1413 AH, pág. 321–323; Sheikh Ṭūsī, al-Amālī, 1414 AH, pág. 92–93; Ibn Shahrāshūb, al-Manāqib, 1379 AH, vol. 4, pág. 115.
  28. ↑ Ibn Faqīh, al-Buldān, 1416 AH, pág. 224; Khwārizmī, Maqtal al-Ḥusayn (a.s.), 1381 SH, vol. 2, pág. 45–47.
  29. ↑ Birrī, al-Jawhara fī nisab al-imām ʿAlī, pág. 45.
  30. ↑ Amīn, Aʿyān al-Shīʿa, vol. 1, pág. 327; vol. 3, pág. 484.
  31. ↑ Ibn Ḥabīb al-Baghdādī, al-Munammaq, pág. 312.
  32. ↑ Ṣanʿānī, al-Muṣannaf, vol. 6, pág. 164.
  33. ↑ Amīn, Aʿyān al-Shīʿa, vol. 3, pág. 485.
  34. ↑ Ibn Baṭṭūṭa, al-Riḥla, vol. 1, pág. 323.
  35. ↑ Ḥamawī, Muʿjam al-buldān, vol. 3, pág. 20.
  36. ↑ Ibn ʿAsākir, Tārīkh madīna-yi Dimashq, vol. 2, pág. 309-310.

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