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Surata Al-Mu'minun

Fonte: wikishia
Sura al-Muminun
al-Muminun
Número da sura23
Juz18
Lugar de revelaçãoMeca
Significado do nome da suraA Luz
Ordem da revelação74
Número de versículos118
Número de palavras1055
Número de letras4486


A Sura al-Muminun (Os Crentes) é a 23ª Sura do Alcorão Sagrado, localizada no 18º juz. Classificada como uma Sura Makki, foi revelada antes da Hégira, em um período de grande perseguição aos primeiros muçulmanos. O nome da Sura, "al-Muminun," é derivado da menção inicial de quinze virtudes dos crentes. O texto aborda uma variedade de temas cruciais, incluindo a aversão à futilidade, o incentivo a boas ações, relatos de profetas como Noé (Nuḥ) e Moisés (Mussa), a criação do ser humano, e o tema fundamental da ressurreição.

Os versículos 99 e 100 são notáveis, pois descrevem o profundo arrependimento dos incrédulos no momento da morte, que expressam o desejo de retornar ao mundo para praticar o bem. Além disso, a recitação da Sura é associada a uma grande virtude; de acordo com as narrativas islâmicas, os anjos de Deus (Allah) trazem boas-novas de paz e consolo ao recitador no Dia do Juízo.

Nomenclatura e contexto

  • Nomeação

A Sura é nomeada "al-Muminun" porque começa com a afirmação do êxito dos crentes no versículo 1:

"قَدْ أَفْلَحَ الْمُؤْمِنُونَ"(Os crentes, de fato, lograram êxito) Em seguida, a Sura descreve quinze de suas qualidades ao longo dos dezesseis versículos seguintes.[1] Alguns exegetas também se referem a ela pelo início de seu primeiro versículo, "Qad Aflaḥ".[2]

  • A ordem de sua revelação

A Sura é a 74ª entre todas as Suras reveladas ao Profeta Muhammad (s.a.a.s.). Na organização atual do Alcorão (muṣḥaf), é a 23ª Sura[3] e faz parte do 18º juz do livro sagrado.

  • Número de versículos e outras características

A Sura é composta por 118 versículos, 1.055 palavras e 4.486 letras, sendo considerada de tamanho médio, ocupando um pouco menos de meio juz.[4] Sua característica mais notável é a explanação do destino final dos crentes e dos incrédulos. A palavra "falaḥ" (êxito ou salvação) é utilizada tanto nos versículos iniciais quanto nos finais, enfatizando o triunfo dos crentes e a ruína dos incrédulos.[5]

E dize (ó Mohammad): Ó Senhor meu, concede-me perdão e misericórdia, porque Tu és o melhor dos misericordiosos! (118)

Conteúdo e temas principais

Segundo o renomado exegeta Allama Ṭabaṭaba’i, os principais tópicos abordados na Sura incluem a crença em Deus e no Dia do Juízo, a descrição das virtudes dos crentes e dos vícios dos incrédulos, as promessas de Deus aos crentes e Suas advertências aos infiéis, e a narrativa das catástrofes que se abateram sobre as nações passadas, desde a época do Profeta Noé até o Profeta Jesus (Issa).[6]

O Tafsir Namuneh resume o conteúdo da Sura como uma compilação de ensinamentos doutrinários, práticos e edificantes. Os temas podem ser categorizados da seguinte forma:

  • A Descrição das Qualidades dos Crentes: Nos versículos 1 a 11 e 57 a 61.
  • Os Sinais de Deus no Universo: Referências à teologia islâmica, evidenciando os sinais de Deus e do ser humano em toda a criação.
  • As Histórias dos Profetas: Relatos de profetas como Noé, Hud, Moisés e Jesus.
  • Advertências aos Arrogantes: Admoestações fortes e contundentes aos arrogantes.
  • A Realidade da Ressurreição: Tópicos sobre o Juízo Final, o acerto de contas, e a recompensa e punição.
  • O Propósito da Criação: A explanação do objetivo da criação do ser humano.[7]

Estrutura temática da Sura al-Muminun

Este fluxograma visualiza a estrutura temática da Sura al-Muminun, dividindo-a em cinco seções principais e várias subseções que detalham os tópicos abordados.

1. O Êxito dos Crentes na Vida Futura (Versículos 1-22)

Seção 1 (Versículos 1-11): Detalha as qualidades morais e comportamentais dos crentes, que são a base de sua salvação.

Seção 2 (Versículos 12-22): Enfatiza a necessidade de crer no Criador do universo através da reflexão sobre o processo de criação, tanto do ser humano quanto do mundo natural.

2. A Salvação dos Crentes e a Destruição dos Incrédulos na Vida Terrena (Versículos 23-51)

Seção 1 (Versículos 23-30): Narra a história do Profeta Noé e a salvação de seus seguidores, enquanto os incrédulos foram destruídos.

Seção 2 (Versículos 31-41): Relata a história do Profeta Salih e a salvação de seu povo, enquanto a nação de Samud foi aniquilada.

Seção 3 (Versículos 42-44): Menciona a destruição de outras nações que rejeitaram seus profetas.

Seção 4 (Versículos 45-49): Descreve a história de Moisés, a salvação de seu povo e a destruição do Faraó e seus seguidores.

Seção 5 (Versículo 50): Conta como Deus socorreu o Profeta Jesus e sua mãe Maria.

Seção 6 (Versículo 51): Destaca a proteção divina concedida a todos os profetas.

3. A Perdição dos Incrédulos (Versículos 52-98)

Seção 1 (Versículos 52-54): Aponta a corrupção e o desvio dos idólatras do caminho da Unicidade de Deus.

Seção 2 (Versículos 55-62): Esclarece que a riqueza dos incrédulos não é sinal de apoio divino.

Seção 3 (Versículos 63-67): Descreve o castigo dos incrédulos arrogantes que ignoraram os comandos divinos.

Seção 4 (Versículos 68-74): Menciona a punição dos incrédulos que agiram com teimosia contra o Profeta Muhammad (s.a.a.s.).

Seção 5 (Versículos 75-77): Afirma que os incrédulos não são despertados por meio das punições divinas.

Seção 6 (Versículos 78-90): Explica a perdição dos idólatras devido à negação da ressurreição.

Seção 7 (Versículos 91-92): Argumenta sobre a falsidade da idolatria.

Seção 8 (Versículos 93-98): Mostra o Profeta (s.a.a.s.) buscando refúgio em Deus para não sofrer o mesmo destino que os idólatras.

4. A Desgraça e a Desesperança dos Idólatras na Vida Futura (Versículos 99-117)

Seção 1 (Versículos 99-100): Descreve o arrependimento dos idólatras no momento da morte.

Seção 2 (Versículos 101-104): Detalha a natureza do castigo para os incrédulos na vida futura.

Seção 3 (Versículos 105-117): Inclui as repreensões severas de Deus aos idólatras no Dia do Juízo.

5. O Final da Sura (Versículo 118)

A Sura termina com um pedido de misericórdia e perdão a Deus, reiterando o tema de salvação e mostrando que a vitória pertence, em última instância, aos que se submetem a Deus.

Narrativas Históricas e Āyāt al-Aḥkām (Versículos de Sentença)

A Sura al-Muminun é rica em relatos históricos que servem de lição para a humanidade, destacando o poder e a justiça de Deus.[8]

Relatos históricos na Sura

  • A história do Profeta Noé (a.s.): Os versículos 23-29 descrevem a sua missão, a construção da arca, a salvação dos animais e dos crentes e a subsequente destruição dos opressores por meio do dilúvio.
  • A história do Profeta Saliḥ: Os versículos 31-41 relatam como ele foi negado por seu povo, o que resultou na punição divina que os aniquilou.
  • A história de Moisés (a.s.) e Aarão (Harun): Nos versículos 45-49, a Sura descreve a sua missão ao Faraó, a negação por parte deste e a destruição dos opressores egípcios.
  • O milagre de Maria e Jesus (a.s.): O versículo 50 afirma que Jesus e sua mãe Maria são um sinal divino.

Contexto de revelação de alguns versículos

Dois versículos em particular (2 e 76) têm um contexto de revelação específico:

Humildade na Oração

Uma narrativa relata que, antes da revelação do versículo 2, o Profeta Muhammad (s.a.a.s.) costumava olhar para o céu durante a oração. Após a descida do versículo que exalta “...aqueles que em sua oração são humildes”, ele passou a manter o olhar fixo no chão.[9] Segundo o autor do Tafsir al-Mizan, a humildade é um estado interior do coração, mas também se manifesta de forma figurada nas ações do corpo.[10]

A fome por causa da incredulidade

Um relato de Ibn Abbas conta que os muçulmanos capturaram um líder chamado Sumamah ibn Assal, que se converteu ao Islã. Ao voltar para sua terra, ele bloqueou as rotas de comércio de Meca, causando uma severa fome entre a tribo dos Coraixitas. Eles foram forçados a comer uma mistura de lã e sangue de camelo.[Nota 1] Abu Sufian foi ate Profeta Muhammad (s.a.a.s.) e o confrontou, questionando sua reivindicação de ser uma "misericórdia para os mundos". Em resposta, o versículo 76 foi revelado, declarando que “Nós os afligimos com o castigo, mas eles não se humilharam diante de seu Senhor nem imploraram com súplicas”. O versículo relacionou diretamente a fome e o sofrimento à incredulidade e arrogância deles.[11]

Versículos notáveis da Sura al-Muminun

Versículos 1 a 11

بِسْمِ اللهِ الرَّحْمَٰنِ الرَّحِيمِ قَدْ أَفْلَحَ الْمُؤْمِنُونَ...الَّذِينَ يَرِثُونَ الْفِرْدَوْسَ هُمْ فِيهَا خَالِدُونَ

No início desta Sura, a afirmação "قَدْ أَفْلَحَ الْمُؤْمِنُونَ" (os crentes, de fato, lograram êxito) estabelece uma premissa fundamental. Os versículos seguintes (1 a 8) descrevem as qualidades e características dos crentes, reforçando a ideia de que a genuína se manifesta através de ações e virtudes. O êxito prometido não é uma esperança vaga, mas um resultado direto de um compromisso completo com a prática religiosa.[12] Um ponto de destaque é a palavra árabe falaḥ (êxito ou salvação), que aparece no Alcorão com o termo la‘alla (talvez) em onze ocasiões. No entanto, em três Suras específicas — al-Muminun (v. 1), al-A'la (v. 14) e al-Shams (v. 9) —, a palavra é usada de forma absoluta, confirmando que o êxito é uma certeza para aqueles que se purificam e fortalecem sua fé. A comparação desses versículos sugere que a fé e a purificação da alma são, na essência, inseparáveis.[13] Em uma narrativa do Imam Kazim (a.s.), os versículos de 1 a 11 da Sura foram revelados sobre o Profeta Muhammad (s.a.a.s.), o Imam Ali (a.s.), Fátima al-Zahra (s.a.), Hassan e Hussain (a.s.).[Nota 2] Em outro relato, o Imam Sadiq (a.s.), narrando de seus pais, contou que o Imam Ali (a.s.), após seu nascimento na Caaba e ao sair com sua mãe, Fátima bint Asad, no primeiro encontro com o Mensageiro de Deus (s.a.a.s.), sorriu e saudou-o como Mensageiro de Deus, recitando os versículos 1 a 11 da Sura al-Muminun.[14]

Versículo 14: A criação humana

O versículo 14 descreve as etapas biológicas e espirituais da criação do ser humano:

"ثُمَّ خَلَقْنَا النُّطْفَةَ عَلَقَةً فَخَلَقْنَا الْعَلَقَةَ مُضْغَةً فَخَلَقْنَا الْمُضْغَةَ عِظَامًا فَكَسَوْنَا الْعِظَامَ لَحْمًا ثُمَّ أَنْشَأْنَاهُ خَلْقًا آخَرَ ۚ فَتَبَارَكَ اللَّهُ أَحْسَنُ الْخَالِقِينَ"

Tradução: " Então, convertemos a gota de esperma em algo que se agarra, transformamos esse algo em feto e convertemos o feto em ossos; depois, revestimos os ossos de carne; então o desenvolvemos em outra criatura. Bendito seja Allah, Criador por excelência!"

Este versículo ilustra a transição da criação puramente física para a infusão de uma "outra forma de criação", que os exegetas interpretam como a inserção do espírito. O filósofo islâmico Mulla Ṣadra (também conhecido como Sadr al-Din Shirazi) defende que o ser humano possui superioridade sobre os dois mundos (o físico e o espiritual), tanto em conhecimento quanto em poder. Ele divide o conhecimento humano em duas categorias:

1. Conhecimento Exterior (‘ilm ẓahiri): Adquirido através dos sentidos e da experiência.

2. Conhecimento Interior (ilm baṭini): Obtido por meio da contemplação e da intuição espiritual.

Mulla Ṣadra argumenta que, com a combinação desses dois tipos de conhecimento, o ser humano é capaz de alcançar uma compreensão completa da realidade e da verdadeira natureza das coisas. Ele também afirma que o poder humano se manifesta plenamente na vida após a morte. É no Mundo Vindouro que os seres humanos verão os resultados concretos de suas ações e esforços realizados na vida terrena. As consequências de suas escolhas e a verdadeira extensão de sua influência se tornarão evidentes, mostrando a manifestação completa de seu poder e potencial.[15] O Tafsir Namuneh destaca que a frase "ثُمَّ أَنْشَأْنَاهُ خَلْقًا آخَرَ" (então o desenvolvemos em outra criatura) aponta para um estágio completamente diferente das fases biológicas anteriores (sêmen, coágulo, etc.). Este é o momento crucial em que o feto ganha vida, movimento e consciência, um processo que a tradição islâmica chama de "insuflação da alma".[16]

Versículos 99 e 100: A realidade do Barzakh

Os versículos 99 e 100 descrevem a súplica desesperada dos incrédulos no momento da morte, quando a realidade lhes é revelada:

"حَتَّىٰ إِذَا جَاءَ أَحَدَهُمُ الْمَوْتُ قَالَ رَ‌بِّ ارْ‌جِعُونِ ﴿۹۹﴾ لَعَلِّي أَعْمَلُ صَالِحًا فِيمَا تَرَ‌كْتُ ۖ كَلَّا ۚ إِنَّهَا كَلِمَةٌ هُوَ قَائِلُهَا ۖ وَمِن وَرَ‌ائِهِم بَرْ‌زَخٌ إِلَىٰ يَوْمِ يَبْعَثُونَ﴿۱۰۰﴾"

Tradução: " (Quanto a eles, seguirão sendo idólatras) até que, quando a morte surpreender algum deles, este dirá: Ó Senhor meu, manda-me de volta (à terra), a fim de eu praticar o bem que negligenciei! Pois sim! Tal será a frase que dirá! E ante eles haverá uma barreira, que os deterá até ao dia em que forem ressuscitados."

Estes versículos descrevem a condição dos politeístas e pecadores ao confrontarem a morte.[17] As ilusões se desfazem, e eles veem as consequências de suas ações. Nesse momento, imploram a Deus por uma segunda chance para retificar seus erros. O Alcorão, no entanto, deixa claro que esse desejo é fútil, pois não há retorno.[18] O renomado exegeta do Alcorão, Allama Ṭabaṭaba’i, em sua obra Tafsir al-Mizan, oferece duas interpretações para a frase do Alcorão "Ó Senhor meu, manda-me de volta (à terra), para que eu possa fazer o bem naquilo que deixei", que é dita pelos descrentes no momento da morte:

1. Interpretação Material: A frase se refere aos bens materiais que os descrentes acumularam e deixaram para trás na vida terrena. Eles desejam retornar para poderem fazer caridade e doar esses bens em atos de bondade, buscando com isso compensar as faltas passadas.

2. Interpretação Espiritual: Esta é a interpretação que Ṭabaṭaba’i considera mais provável. A frase se refere à própria vida terrena em si, que o indivíduo perdeu. O desejo é voltar ao mundo para realizar boas ações em geral, como orações, jejum e outras práticas de devoção, a fim de retificar o tempo que foi gasto em descrença e pecado.[19]

De acordo com o Tafsir Nur, há um ponto sutil na súplica dos descrentes para retornar à vida terrena, conforme descrito no Alcorão. A interpretação sugere que, embora o desejo de voltar seja sincero e sério, a promessa de se tornarem justos é questionável. A razão para isso está no uso da palavra árabe "لَعَلِّي" (la‘alli), que significa "talvez" ou "para que eu possa", na frase "لَعَلِّي أَعْمَلُ صَالِحًا فِيمَا تَرَكْتُ" (para que eu possa fazer o bem naquilo que deixei).[20] A palavra "barzakh" (برزخ), em sua origem, significa uma barreira ou algo que se interpõe entre duas coisas, impedindo que elas se misturem. Um exemplo desse uso literal pode ser encontrado no versículo 20 da Sura Al-Rahman (O Misericordioso), que descreve a separação entre dois mares: "بَيْنَهُمَا بَرْزَخٌ لَا يَبْغِيَانِ" Tradução: "E entre eles[os dois mares] há uma barreira (barzakh) que não podem ultrapassar." No contexto do versículo 100 da Sura al-Muminun, a frase "وَمِنْ وَرَائِهِمْ بَرْزَخٌ" (E atrás deles há uma barreira) tem um sentido metafórico. A expressão "atrás deles" significa que o barzakh está à frente, aguardando-os. O Mundo do Barzakh é, portanto, o estado intermediário em que as almas vivem após a morte e antes da ressurreição no Dia do Juízo. Ele é frequentemente chamado de "Mundo da Tumba" ou "Mundo do Exemplo" (Alam al-Missal). Essa barreira ou estado separa a vida terrena da vida futura, servindo como uma transição na qual as almas aguardam seu destino final.[21]

O versículo final da Surata

"وَقُلْ رَبِّ اغْفِرْ وَارْحَمْ وَأَنْتَ خَيْرُ الرَّاحِمِينَ"

Tradução: " E dize (ó Mohammad): Ó Senhor meu, concede perdão e misericórdia, porque Tu és o melhor dos misericordiosos!'"

Este versículo ecoa a súplica dos crentes mencionados no versículo 109: "رَبَّنَا آمَنَّا فَاغْفِرْ لَنَا وَارْحَمْنَا وَأَنْتَ خَيْرُ الرَّاحِمِينَ" (Ó Senhor nosso, cremos! Perdoa-nos, pois, e tem piedade de nós, porque Tu és o melhor dos misericordiosos!). Ao instruir o Profeta Muhammad (s.a.a.s.) a repetir essa oração, Deus destaca que a súplica por perdão e misericórdia é a recompensa final para os crentes que perseveraram. A repetição do tema inicial de salvação e sucesso dos crentes no versículo 1 ("os crentes, de fato, lograram êxito, قَدْ أَفْلَحَ الْمُؤْمِنُونَ") no final da Sura enfatiza que a vitória pertence, em última instância, àqueles que se submetem a Deus.[22]

Versículos jurídicos

Juristas islâmicos utilizam diversos versículos da Sura al-Muminun para extrair regras e princípios legais,[23] conhecidos como versículos jurídicos (ayat al-Aḥkam).[24] Esses versículos são fundamentais para a interpretação e a aplicação da lei islâmica. A Sura contém orientações sobre vários aspectos da vida religiosa e social: Humildade na oração: o versículo 2, pureza e castidade: os versículos 5 a 7, cumprimento de pactos: o versículo 8, alimentação lícita: o versículo 51.

Número do versículo Texto Seção Assunto
2 الَّذِينَ هُمْ فِي صَلَاتِهِمْ خَاشِعُونَ Oração Observância de humildade e devoção na oração
3 وَالَّذِينَ هُمْ عَنِ اللَّغْوِ مُعْرِ‌ضُونَ Negócio ilícitos Evitar o inútil
5-7 وَالَّذِينَ هُمْ لِفُرُ‌وجِهِمْ حَافِظُونَ إِلَّا عَلَىٰ أَزْوَاجِهِمْ أَوْ مَا مَلَكَتْ أَيْمَانُهُمْ... Casamento modéstia
8 وَالَّذِينَ هُمْ لِأَمَانَاتِهِمْ وَعَهْدِهِمْ رَ‌اعُونَ Necessidade de cumprir promessas / Obrigação de devolver confiança / Honestidade
21 وَإِنَّ لَكُمْ فِي الْأَنْعَامِ لَعِبْرَ‌ةً ۖ نُّسْقِيكُم مِّمَّا فِي بُطُونِهَا وَلَكُمْ فِيهَا مَنَافِعُ كَثِيرَ‌ةٌ وَمِنْهَا تَأْكُلُونَ Alimentos e bebidas Benefícios dos animais
51 يَا أَيُّهَا الرُّ‌سُلُ كُلُوا مِنَ الطَّيِّبَاتِ وَاعْمَلُوا صَالِحًا ۖ إِنِّي بِمَا تَعْمَلُونَ عَلِيمٌ Alimentos e bebidas Permissibilidade de consumir alimentos lícitos

Virtudes e benefícios da Sura al-Muminun

A tradição islâmica destaca grandes méritos e benefícios para aqueles que recitam a Sura al-Muminun, prometendo conforto e salvação tanto na vida presente quanto na vida futura. Conforme a tradição do Profeta Muhammad (s.a.a.s.): Quem recitar esta Sura receberá boas-novas dos anjos de Deus. Eles o confortarão no Dia do Juízo e lhe darão a certeza de que alcançará a alegria e a tranquilidade no momento em que o Anjo da Morte descer para levar sua alma.[25] Conforme a tradição do Imam Ja'far al-Sadiq (a.s.): Se alguém recitar a Sura al-Muminun, Deus concederá a essa pessoa um final feliz e abençoado. Além disso, se a pessoa for consistente em recitá-la todas as sextas-feiras, seu lugar no Paraíso será garantido. Essas narrativas enfatizam que a recitação da Sura não é apenas um ato de adoração, mas uma prática que traz paz de espírito, proteção divina e a promessa de uma recompensa eterna.[26]

Veja também: Virtudes das Suras

Referências

  1. Khurramshāhī, "Sura-yi muʾminūn", pág. 1223.
  2. Wāḥidī, Asbāb nuzūl al-Qurān, pág. 323.
  3. Maʿrifat, Āmūzish-i ʿulūm Qurʾān, vol. 2, pág. 166.
  4. Khurramshāhī, "Sura-yi muʾminūn", pág. 1223.
  5. Ṣafawī, "Sura-yi muʾminūn", pág. 817.
  6. Ṭabāṭabāyī, al-Mīzān, vol. 15, pág. 5.
  7. Makārim Shīrāzī, Tafsīr-i nimūna, vol. 14, pág. 191.
  8. Khamagar, Muhammad, Sakhtar-i suraha-yi Qur'an-i karim, Mu'assisa-yi Farhangi-yi Qur'an wa 'Itrat-i Nur al-Thaqalayn, Qom: Nashra, ed.1, 1392 Sh.
  9. Ṭabrisī, Majmaʿ al-bayān, vol. 7, pág. 157; Wāḥidī, Asbāb nuzūl al-Qurān, pág. 322.
  10. Ṭabāṭabāʾī, al-Mīzān, 1393 AH, Aʿlamī Beirut, vol.157, pāg. 6; pāg. 13.
  11. Wāḥidī, Asbāb nuzūl al-Qurān, pág. 324.
  12. Ṭabāṭabāyī, al-Mīzān, vol. 15, pág. 7.
  13. Qirāʾatī, Tafsīr-i nūr, vol. 6, pág. 82.
  14. Baḥrānī, Al-Burhān fī tafsīr al-Qurʾān, vol. 4, pág. 13.
  15. Mullā Ṣadrā, Tafsīr al-Qur'ān al-karīm, vol. 4, pág. 412.
  16. Makārim Shīrāzī, Tafsīr-i nimūna, vol. 14, pág. 233.
  17. Ṭabāṭabāyī, al-Mīzān, vol. 15, pág. 67.
  18. Makārim Shīrāzī, Tafsīr-i nimūna, vol. 14, pág. 310-312.
  19. Ṭabāṭabāyī, al-Mīzān, vol. 15, pág. 67.
  20. Qirāʾatī, Tafsīr-i nūr, vol. 6, pág. 129.
  21. Ṭabāṭabāyī, al-Mīzān, vol. 15, pág. 68.
  22. Ṭabāṭabāyī, al-Mīzān, vol. 15, pág. 74.
  23. Ardibīlī, Zubdat al-bayān, pág. 52-53.
  24. Muʿīnī, "Āyāt al-aḥkām", pág. 1.
  25. Ṭabrisī, Majmaʿ al-bayān, vol. 7, pág. 175.
  26. Ṣadūq, Thawāb al-aʿmāl, pág. 108-109.

Notas

  1. O Dehkhoda também menciona outros significados para este termo, como: lã de camelo misturada com sangue de carrapato; sangue seco no qual a lã de camelo era amassada e consumida em tempos de fome; substância do úbere do camelo contendo um pouco de essência; uma planta que cresce nas regiões de Bani Sulaym. Dehkhoda, sob a entrada da palavra Alhaz.
  2. A descida de um ou mais versículos relacionados ao mérito ou virtude da Ahl al-Bait (a.s.) não significa que os versículos sejam exclusivos deles, mas sim que os Ahl al-Bait (a.s.) são o exemplo mais completo e perfeito.

Bibliografia

  • Ardibīlī, Ahmad b. Muḥammad. Zubdat al-bayān fī aḥkām al-Qurʾān. Editado por Muḥammad Bāqir Bihbūdī. Teerã: al-Maktaba al-Murtaḍawīyya,[n.d].
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