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Inviolabilidade do Alcorão

Fonte: wikishia

O artigo sobre a Inviolabilidade do Alcorão está relacionado com os temas do Milagre do Alcorão e da Autenticidade do Alcorão.

A crença de que o Alcorão é inviolável é amplamente aceita entre os muçulmanos e as diferentes escolas do Islã, e afirma que o Alcorão atualmente em posse dos muçulmanos é o mesmo que foi revelado ao Profeta Muhammad (s.a.a.s.), sem sofrer alterações.

Todos os muçulmanos concordam que nada foi acrescentado ao Alcorão; contudo, há divergência quanto à possibilidade de omissões. Um pequeno número de estudiosos muçulmanos acredita que houve alguma omissão, baseando-se em certos relatos encontrados em fontes narrativas tanto sunitas quanto xiitas. Apesar disso, alguns grupos wahabitas acusaram injustamente os xiitas de acreditar na adulteração do Alcorão.

A visão predominante entre os estudiosos xiitas é que nenhuma forma de adulteração — nem adição nem omissão — ocorreu no Alcorão, e que o texto atual é exatamente o mesmo que foi revelado ao Profeta Muhanmmad (s.a.a.s.). Eles sustentam essa posição com base em versículos como o da preservação divina, no hadith de Saqalain (Os Dois Pesos), em outras tradições narradas pelos Imames infalíveis (a.s.), além de argumentos racionais. Os estudiosos xiitas também analisaram criticamente as narrativas que sugerem omissões no Alcorão, avaliando suas cadeias de transmissão e significados, e concluíram que essas não constituem prova confiável.

Diversos trabalhos foram escritos por exegetas, juristas e estudiosos do Alcorão refutando a alegação de adulteração. Entre eles se destacam: Burhān-i Roshān, Al-Burhān ʿalā ʿAdam Taḥrif al-Qurʾān de Mirza Mahdi Borujerdi, e Ṣiyānat al-Qurʾān min al-Taḥrīf de Muhammad Hadi Maʿrifat.

Significado e Tipos de Taḥrif

O termo taḥrīf significa distorção, substituição ou modificação da fala em relação à sua forma original.[1] Ele é classificado em diferentes tipos:[2]

Taḥrif Verbal

Refere-se à alteração nas palavras do texto. Os principais tipos são:[3]

  • Taḥrif por adição: Sugere que partes do Alcorão atual não foram originalmente reveladas ao Profeta Muhammad (s.a.a.s.).[4]
  • Taḥrif por omissão: Implica que partes da revelação não foram incluídas no Alcorão preservado.[5]

Taḥrif de Significado (ou Conceitual)

Consiste em desviar o significado pretendido de um texto para um sentido desejado pelo intérprete,[6] ou interpretar o texto de forma contrária ao seu significado aparente.[7]

Outros Tipos

Incluem a mudança na ordem das suratas (taḥrif de posição), substituição de uma palavra por um sinônimo (taḥrif de vocábulo) e leitura do Alcorão com pronúncias fora das recitações canônicas (Taḥrif na recitação).[8]

Visão dos Muçulmanos

Segundo o aiatolá Abul-Qāssim al-Khoei (f. 1992), é um consenso entre os muçulmanos que nenhuma adição textual ocorreu no Alcorão.[9] No entanto, há divergências sobre a possibilidade de omissões: a maioria dos estudiosos nega essa possibilidade, mas uma minoria defende que ela ocorreu.[10]

Quanto à adulteração (taḥrif) de significado, al-Khoei afirma que há consenso entre os muçulmanos de que ela ocorreu — algumas seitas desviaram o sentido dos versículos segundo seus próprios interesses.[11] Na jurisprudência islâmica, isso é chamado de interpretação pessoal (tafsir bi al-ra'i), que é proibida.[12]

Estudiosos também rejeitam outros tipos de adulteração como a mudança de palavras ou recitações, considerando-as infundadas.[13]

Crença Xiita

A opinião predominante entre os estudiosos xiitas é que nem adição nem omissão ocorreram no Alcorão.[14] O Sheikh al-Saduq declarou que os xiitas acreditam que o Alcorão atual é idêntico ao que foi revelado, e que acusações em contrário são falsas.[15]

Sheikh Tussi, no prefácio de seu Tafsir al-Tibian, afirmou que as narrativas que sugerem omissões são solitárias (khabar al-wahid) e não produzem certeza, devendo ser descartadas.[16]

Muhammad Jauad Balaghi (f. 1352 A.H.) também relata no livro Ālāʾ al-Raḥmān uma citação do sábio Muḥaqqiq Caraki, dizendo:

"Os relatos nos quais os defensores da ideia de omissão no Alcorão se baseiam, por estarem em contradição com as evidências do próprio Alcorão, com a tradição transmitida de forma massiva (tawātur) e com o consenso (ijmāʿ), devem ser descartados caso não possam ser interpretados de forma plausível (taʾwīl)."[17]

Kāshif al-Ghiṭāʾ (f. 1228 A.H.), outro dos grandes sábios e juristas xiitas, também rejeitou a ideia de omissão no Alcorão, afirmando:

"O próprio texto claro do Alcorão, bem como o consenso dos sábios de todas as eras, testemunham que nenhuma omissão ocorreu no Alcorão. A oposição de um pequeno grupo de indivíduos não tem validade diante desse consenso. A evidência inequívoca da integridade do Alcorão invalida qualquer tentativa de agir com base em relatos que sugerem adulteração."[18]

Atribuição da Crença na Falsificação do Alcorão aos Xiitas

Al-Ṭabarsī, em sua obra Majmaʿ al-Bayān (f. em 548 d.H.), menciona que determinados xiitas, assim como um grupo entre os Hashwiyya — vertente literalista entre os sunitas —, relataram narrativas que sugerem a existência de omissões no Alcorão.[19] Aqueles que defendem a tese da adulteração ou da omissão de partes do Alcorão baseiam-se em algumas tradições (ḥadīces) transmitidas tanto por fontes xiitas[20] quanto sunitas.[21][22] Acredita-se que um número restrito de akhbārīs[23] (literalistas xiitas) tenha adotado essa concepção, alegando que o Alcorão atualmente disponível entre os muçulmanos não contém integralmente tudo o que foi revelado ao Profeta Muhammad (s.a.a.s.).[24] Essa posição minoritária serviu de base para que alguns autores wahabitas atribuíssem tal crença, de forma generalizada e indevida, a toda a comunidade xiita.[25]

As acusações tornaram-se particularmente intensas após a publicação da obra Fasl al-Khiṭāb, de autoria de Mirzā Ḥussain Nūrī, em 1292 d.H. (1875 d.C.).[26] Essa obra permanece, até os dias atuais (século XV da Hégira), como uma das principais referências utilizadas para acusar os xiitas de crerem na falsificação do Alcorão.[27] Um exemplo notório é o autor wahabita paquistanês Iḥsān Ilāhī Ẓahīr, que, em sua obra Ash-Shīʿa wa al-Qurʾān, após citar o Fasl al-Khiṭāb, generaliza tal crença a todos os estudiosos xiitas. Segundo ele, Mirzā Nūrī não estava isolado em sua posição, mas teria apenas tornado pública uma doutrina amplamente aceita entre os xiitas, mas supostamente ocultada sob a prática da taqiyya (dissimulação da fé por razões de segurança).[28]

Resposta dos Estudiosos Xiitas

Mirzā Mahdī Borūjerdī, em sua obra Burhān-i Roshān, afirma que a maioria das tradições citadas em Fasl al-Khiṭāb foi extraída da obra de Sayyārī, autor considerado desqualificado pelos especialistas na ciência do rijāl (biografia e confiabilidade dos narradores).[29] O aiatolá Abul-Qāssim al-Khoei também classificou Sayyārī como um narrador inverídico.[30] De acordo com Āqā Buzurg Tehrānī, desde sua publicação, Fasl al-Khiṭāb foi amplamente rejeitado pelos estudiosos xiitas.[31] Sheikh Muḥammad Ḥussain Kāshif al-Ghiṭā chegou inclusive a emitir uma fátua proibindo sua impressão.[32] Diversas obras autônomas[33] e comentários exegéticos[34] foram produzidos com o objetivo de refutar os argumentos contidos nessa obra. O aiatolá Camāl al-Ḥaydarī, em seu livro O Alcorão e a Imunidade à Adulteração, menciona 32 renomados estudiosos xiitas que rejeitam categoricamente qualquer hipótese de adulteração do Alcorão.[35] Um estudo acadêmico também demonstrou que cerca de dois terços das narrativas relativas à adulteração do Alcorão foram transmitidas por extremistas (ghulāt).[36]

Evidências da Inviolabilidade do Alcorão

Versículo da Preservação

O versículo “Em verdade, fomos Nós quem revelamos a Mensagem, e certamente a protegeremos” (Al-Ḥijr, 15:9) é frequentemente citado como prova textual da proteção divina contínua do Alcorão contra qualquer forma de corrupção.[37]

Hadiths

Diversas tradições proféticas afirmam explicitamente que o Alcorão permanece inalterado.[38] O Hadith al-Saqlain (dos Dois Pesos) é amplamente citado como um dos principais fundamentos da crença na inalterabilidade do Alcorão.[39] Segundo essa tradição, o Profeta Muhammad (s.a.a.s.) instruiu os muçulmanos a se apegarem ao Alcorão em todas as épocas. Caso o Alcorão tivesse sido corrompido, tal recomendação careceria de fundamento lógico e espiritual.[40][41] Ademais, algumas tradições estabelecem que o Alcorão serve como critério para aferição da autenticidade das demais tradições: estas devem ser confrontadas com o Alcorão, sendo rejeitadas caso estejam em desacordo com ele.[42][43] Essa diretriz não faria sentido se o próprio Alcorão estivesse sujeito a adulteração. Sheikh al-Ṣadūq, em sua obra Al-Iʿtiqādāt, observa que as tradições narradas pelos Imames infalíveis (a.s.) sobre as virtudes das suratas, as recompensas pela recitação do Alcorão, e os méritos da leitura completa do texto corânico,[44][45] evidenciam a integridade do Alcorão tal como o possuímos hoje.[46]

Argumentação Racional

Mirzā Mahdī Borūjerdī, ao refletir racionalmente sobre a missão profética do Profeta Muhammad (s.a.a.s.), destaca três aspectos: (i) ele foi enviado à totalidade da humanidade; (ii) suas leis substituem todas as legislações anteriores; e (iii) ele é o Selo da Profecia, não havendo profetas posteriores.[47] Diante disso, a razão conclui que a escritura por ele recebida — o Alcorão — deve permanecer intacta até o fim dos tempos.[48] Com base na doutrina teológica da graça divina (luṭf), estudiosos argumentam que a finalidade da revelação divina é garantir a felicidade terrena e eterna da humanidade. Assim, qualquer distorção no texto do Alcorão comprometeria essa finalidade, sendo incompatível com a sabedoria e a justiça divinas.[49][50]

O Reconhecimento da Pureza Doutrinária Xiita por Estudiosos Sunitas

Diversos estudiosos sunitas reconheceram explicitamente que os xiitas não professam a crença na adulteração do Alcorão.[51] Abu al-Ḥassan al-Ashʿarī (f. 935), em Maqālāt al-Islāmiyyīn, atribui essa crença apenas a um grupo minoritário entre os xiitas, frisando que os xiitas imamitas — defensores da doutrina da Imamah — sustentam que o Alcorão está isento de adição ou omissão.[52] Rahmatullah Dehlawī (f. 1890), destacado estudioso sunita indiano, afirma em Iẓhār al-Ḥaqq que a maioria dos xiitas imamitas crê na inviolabilidade do Alcorão, considerando inaceitável a tese de omissão.[53] Muhammad Abdullah Darāz (f. 1958), exegeta egípcio, atesta em Madkhal ilā al-Qurʾān al-Karīm que os xiitas imamitas consideram o Alcorão livre de qualquer forma de alteração.[54] Muhammad Muhammad al-Madanī (fal. 1388 A.H.), professor da Universidade de al-Azhar, publicou artigo na revista Risālat al-Islām reiterando que, tanto entre xiitas imamitas quanto entre sunitas, não se encontra quem defenda a adulteração do Alcorão.[55]


Bibliografia sobre a Inviolabilidade do Alcorão

Ketabshenasi-ye Adam-e Tahrif-e Qur’an ("Bibliografia da Não Distorção do Alcorão") é o título de uma obra de 275 páginas que reúne mais de 500 trabalhos dedicados ao tema da inalterabilidade do Alcorão. O livro foi compilado por Kazem Ostadi e publicado em 2013 (1392 H.Sh.) pela Organização Hajj e Peregrinação (56).

Algumas das obras mais importantes escritas por estudiosos xiitas sobre a inalterabilidade do Alcorão são as seguintes:

1. Kashf al-Irtiyab ‘an Tahrif al-Kitab, de Sheikh Mahmud Tehrani: Considerado o primeiro livro escrito em refutação à obra Fasl al-Khitab, logo após sua publicação (57). Segundo Agha Bozorg Tehrani, quando o autor de Fasl al-Khitab (Mirza Hussein Nuri) leu esse livro, escreveu uma epístola em persa para refutá-lo, recomendando que fosse publicada juntamente com sua obra (58). Nessa epístola, Mirza Nuri afirmou que por "distorção", ele não se referia a acréscimos ou omissões no Alcorão atualmente em posse dos muçulmanos — que foi compilado durante o califado de Usman —, mas sim à exclusão de parte da revelação divina que teria sido enviada ao Profeta (s.a.a.s.) e que não foi registrada no Alcorão existente (59).

2. Burhan-e Roshān; Al-Burhān ‘alā ‘Adam Tahrif al-Qur’an, de autoria de Mirza Mahdi Borujerdi: O autor apresenta neste livro argumentos que refutam a tese da adulteração do Alcorão (60). Ele também analisa criticamente os relatos citados no Fasl al-Khitab para provar a alegada incompletude do Alcorão, examinando tanto suas cadeias de transmissão (sanad) quanto seus significados (dalalah) (61). Além disso, o autor expõe neste livro as opiniões de mais de 40 exegetas, juristas e estudiosos xiitas do Alcorão que rejeitam categoricamente qualquer forma de adulteração por acréscimo ou omissão (62).

3. Ṣiyānat al-Qur’an min al-Taḥrīf, de Muhammad Hadi Maʿrifat: Composto por oito capítulos, o livro aborda os seguintes temas: definição lexical e técnica do termo "distorção", fundamentos da inalterabilidade do Alcorão, a visão de diversos estudiosos xiitas que apoiam a inviolabilidade do Alcorão, testemunhos de estudiosos sunitas quanto à isenção dos xiitas da acusação de adulteração, a distorção nos livros do Antigo e do Novo Testamento, a distorção entre os Hashwiyya, a distorção entre os Akhbāris, e uma crítica detalhada à posição do autor de Fasl al-Khitab (63). A obra foi traduzida para o persa por Ali Nassiri Gilani e publicada pela editora SAMT em 2000 (1379 H.Sh.), com o título Tahrif-Napaziri-ye Qur’an ("Inviolabilidade do Alcorão") (64).

Referências

Bibliografia

  • 'Amili, Ja'far Murtada. Haqa'iq hamma hawl al-Qur'an al-karim. Qom, 1410 AH.
  • Ash'ari, Abu l-Ḥassan al-. Maqalat al-islamiyyin. Wiesbaden: Hellmut Ritter, 1400 AH.
  • Bukhari, Muḥammad b. Ismail al-. Sahih al-Bukhari. Damasco, 1410 AH.
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  • Dihlavi, Rahmat Allah b. Khalil al-Rahman. Izhar al-haqq. Beirute, 1401 AH.
  • Farahidi, Khalil b. Ahmad. Kitab al-'ayn. Qom: Mahdi Makhzuni, 1405 AH.
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  • Shaykh al-Tusi, Muḥammad b. Ḥassan al-. Al-Khilaf. Qom, 1407 AH.
  • Suyuti, Jalal al-din, Abd al-Rahman b. Abi Bakr al-. Al-Durr al-Manthur. Qom, 1404 AH.
  • Tabari, Muḥammad b. Jarir al-. Jami' al Bayan. Beirute, 1400/1980 - 1403 AH.
  • Tabarsi, Fadl b. Hassan. Majma' al-Bayan fi Tafsir al-Qur'an. Beirute: Hashim Rasuli Mahallati, 1408 AH.
  • Tabataba'i, Muḥammad Ḥussain. Al-Mizan fi tafsir al-Qur'an. Beirute, 1390/1971 - 1393/1974
  • Tabrisi, Ahmad b. 'Ali. Al-Ihtijaj. Beirute: Muḥammad Baqir Musawi.
  • Zarkishi, Muḥammad b. Bahadur. Al-Burhan fi 'ulum al-Qur'an. Beirute, 1410 AH.
  • Zarzur, 'Adnan Muḥammad. Al-Hakim al-Jishumi wa manhaja fi al-tafsir. Beirute, 1398 AH.